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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Animação e vídeos na América do Sul circulam como se fossem ataque do Irã

Vídeos são falsamente atribuídos ao ataque do Irã contra Israel Imagem: Reprodução/Arte UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/04/2024 04h00

Desde o ataque do Irã a Israel, no sábado (13), inúmeros vídeos e imagens que não têm relação com a ofensiva foram compartilhados nas redes sociais como se mostrassem o conflito.

O UOL Confere localizou registros que ocorreram em países da América do Sul, como Chile e Argentina, em outros conflitos, como o de Ucrânia e Rússia, e até mesmo animação reproduzindo cenas da Segunda Guerra Mundial. Veja a seguir alguns casos:

Animação 3D

17.abr.2024 - Vídeo é uma animação 3D da 2ª Guerra Mundial que circula desde 2021 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. Na publicação são mostrados mísseis no ar dizendo que Israel está sendo atacado. "Acabou de começar uma guerra entre Irã e Israel, onde o Irã atacou Israel severamente com vários mísseis! Total solidariedade ao povo de Israel".

Por que é falso. Vídeo é uma animação 3D. A busca reversa do Google (aqui) mostra uma postagem no X (antigo Twitter) dizendo que Reino Unido, Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita estavam interceptando drones no espaço aéreo da Jordânia (aqui). Nos comentários, porém, há um novo trecho do mesmo vídeo (aqui) com marca d'água escrita "@borisao_blois". Ao ir no perfil citado (aqui), é possível localizar o vídeo original, postado em outubro de 2021 (aqui e veja abaixo), dizendo se tratar de CGI (imagens geradas por computador). Na mesma busca reversa, também há uma publicação (aqui, em inglês) desmentindo o mesmo vídeo, dessa vez usado para desinformação sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia, em fevereiro de 2022.

Viralização: Um dos posts desinformativos com esse vídeo tinha, até quarta-feira (17), 143 mil visualizações e 2.300 curtidas.

O conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos (aqui) e Estadão Verifica (aqui).

Pessoas correndo na Argentina

17.abr.2024 - Pessoas correm para frente do hotel onde estava Louis Tomlinson, na Argentina Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. No vídeo, dezenas de pessoas correm desesperadas pela rua. "URGENTE! TERCEIRA GUERRA MUNDIAL? São os sinais da volta do Senhor Jesus! Pela primeira vez o Irã Ataca Israel. Acabou de começar uma guerra entre Irã e Israel, onde o Irã atacou Israel severamente com vários mísseis! Total solidariedade ao povo de Israel", dizem as legendas das postagens.

Por que é falso. Caso ocorreu na Argentina e mostra fã atrás de músico. O vídeo foi amplamente desmentido nas redes sociais por se tratar, na verdade, de fãs do cantor Louis Tomlinson querendo vê-lo em um hotel na Argentina (aqui). Não foi possível localizar o vídeo pela busca reversa do Google, mas foi feita uma comparação de imagens usando o Google Street View (veja abaixo). Na mesma postagem, há um comentário de um fã-clube mostrando o cantor saindo para ver os fãs pessoalmente (aqui). Em suas redes sociais, o cantor também publicou um vídeo com os fãs argentinos (aqui).

Viralização: Um dos posts desinformativos com esse vídeo tinha, até quarta-feira (17), 2 milhões de visualizações, 68 mil curtidas e 3.600 comentários.

O conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos (aqui).

Incêndio no Chile

17.abr.2024 - Imagens são de incêndio florestal no Chile Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. O texto afirma que uma base aérea foi atingida por mísseis e drones do Irã. "Base Aérea de Negev, em Israel, foi atingida por mísseis e drones do Irã. O Irã lançou 70 mísseis adicionais contra Israel, elevando o número total para 150, disse um alto funcionário dos EUA à ABC News".

Por que é falso. A gravação, na verdade, é de um incêndio florestal no Chile. É possível ouvir pessoas falando em espanhol. O próprio governo de Israel desmentiu o vídeo (aqui) citando um incêndio em fevereiro no país sul-americano. Uma postagem em uma conta chilena exibe o vídeo original, publicado em 3 de fevereiro de 2024 (aqui), e diz que o caso ocorreu em Viña del Mar. Apesar de este post ter o aviso de mídia "fora de contexto", a data da publicação indica que foi publicado dois meses antes do ataque de Irã a Israel.

Viralização: Um dos posts desinformativos com esse vídeo tinha, até quarta-feira (17), 156 mil visualizações e 6.000 curtidas.

O conteúdo também foi checado pelo Estadão Verifica (aqui).

Explosões na Ucrânia

17.abr.2024 - Ataque foi em cidade ucraniana, em março deste ano Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. Repetindo outras legendas em que é dito que uma guerra mundial está prestes a acontecer, a postagem afirma que Israel está sob ataque e que Tel Aviv foi atingida por mísseis do Irã. "Mais ataques covardes estão sendo feitos contra Israel. OREMOS".

Por que é falso. O ataque ocorreu na Ucrânia e está relacionado à guerra com a Rússia. Ao fazer uma busca reversa no Google (aqui), é mostrada uma checagem feita por um veículo internacional (aqui, em inglês). Nela, há uma explicação de que o ataque foi, na verdade, no país europeu. Um post desinformativo com o mesmo vídeo mostra também parte da logomarca do site do jornal britânico The Telegraph. Fazendo uma busca no índice do jornal no YouTube (aqui), foi possível encontrar o vídeo do ataque (aqui e veja abaixo), postado em março deste ano. Segundo o site, o ataque ocorreu na cidade de Sevastopol.

Drone preso em fiação na Síria

17.abr.2024 - Filmagem foi feita na Síria dois meses antes do ataque Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. "Um dos drones kamikaze disparados pelo Irã contra Israel ficou preso em cabos de energia no Iraque", diz a legenda da postagem. O vídeo mostra um drone preso a uma fiação.

Por que é falso. Uma busca reversa no Google (aqui) mostra que a filmagem é de fevereiro deste ano, na Síria (aqui e aqui). Um post da Syria TV, de 21 de fevereiro, ou seja, dois meses antes dos ataques do Irã, diz: "Em uma cena inusitada, um drone militar não identificado fica preso em linhas telefônicas no leste da Síria".

Viralização: Um dos posts desinformativos com esse vídeo tinha, até quarta-feira (17), 14 mil curtidas.

O conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos (aqui).

Mísseis interceptados em Israel

18.abr.2024 - Vídeo é de 2023, seis meses antes do ataque Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

O que diz o post. O vídeo mostra mísseis chegando em Jerusalém. "Acabou de começar uma guerra entre Irã e Israel, onde o Irã atacou Israel severamente com vários mísseis! Total solidariedade ao povo de Israel", diz a legenda da publicação. O texto sobreposto ao vídeo afirma que "Irã acaba de atacar Jerusalém".

Por que é distorcido. Vídeo realmente mostra o sistema antimíssil de Israel atuando, mas trata-se de um ataque do Hamas em outubro de 2023. Nas imagens é possível ver parte do logotipo do jornal britânico The Telegraph. Ao pesquisar o canal do veículo no Youtube (aqui) para procurar o vídeo, há um índice apenas sobre Israel na guerra (aqui). Lá, há o vídeo original publicado em 12 de outubro de 2023 (aqui e veja abaixo), confirmando ter acontecido seis meses antes do ataque do Irã a Israel.

O conteúdo também foi checado pela Reuters (aqui).

Irã ataca Israel

Irã disparou mais de 300 mísseis e drones contra Israel. Segundo o Exército israelense, foram disparados 170 drones com explosivos, 120 mísseis balísticos e 30 mísseis de cruzeiro, mas 99% dos projéteis foram interceptados.

Base danificada e menina ferida. Apesar do tamanho do ataque, os mísseis do Irã causaram apenas danos à infraestrutura da base aérea de Nevatim, no sul de Israel. Os danos foram classificados como pequenos. A única vítima direta, foi uma menina de 7 anos que ficou gravemente ferida após ser atingida por estilhaços de um míssil balístico interceptado que caiu sobre sua casa.

Irã disse que ataque foi uma resposta. O país persa afirmou que a ação foi uma retaliação ao bombardeio israelense contra o consulado iraniano na Síria, que matou dois líderes militares do Irã.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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