É falso que WhatsApp esteja pagando indenização por vazamento de dados
Ricardo Espina
Colaboração para o UOL, em São Paulo
17/10/2024 14h49
É falso que o WhatsApp esteja pagando uma indenização aos usuários por conta de um suposto vazamento de dados, como afirmam publicações compartilhadas nas redes sociais.
Ao UOL Confere, a assessoria da Meta, empresa controladora do aplicativo de mensagens, negou a existência dessa indenização. Além disso, o conteúdo desinformativo foi alterado para inclusão de áudio falso.
O que diz o post
A mensagem contém o seguinte título: "Telefones final: 0, 4, 5, 7, 6, 2, 8, 1, 3 e 9 tem direito a indenização".
A publicação compartilha um trecho do programa Encontro, então apresentado por Fátima Bernardes. Ela conversa com a jornalista Luiza Tenente sobre os destaques do g1, o portal de notícias da Globo. "O assunto de hoje é sobre os R$ 30 mil de indenização do WhatsApp. Por uma falha de segurança, a empresa afirma que vazou os dados de mais de 200 milhões de brasileiros", diz a voz atribuída à repórter.
"Notícias. Empresa informa que o resgate está disponivel até o dia de hoje", diz um texto exibido ao longo da reportagem, que mostra ao final um suposto passo a passo "testado pelo g1" para resgatar o valor.
Por que é falso
Assessoria de imprensa diz que o vídeo é falso. Além disso, ao UOL Confere, a empresa afirmou que "o WhatsApp conta com criptografia de ponta a ponta por padrão, ou seja, tudo o que os usuários compartilham com seus amigos e familiares fica só entre eles. Isto significa que essas conversas são privadas, e que o WhatsApp não pode ler, ouvir ou ver os conteúdos trocados pelos usuários dentro do aplicativo".
Voz de repórter foi manipulada digitalmente. Ao submeter o vídeo para a análise do TrueMedia, especializado em identificar alterações neste tipo de conteúdo, a ferramenta indicou que há "evidências substanciais de manipulação" (aqui e abaixo).
Como funciona o golpe? O usuário é orientado a clicar em um link ao final da reportagem. Esta URL geralmente exibe um formulário, que pede alguns dados pessoais. Em seguida, uma chave Pix é solicitada para o resgate do valor. Mas, no site Reclame Aqui, consumidores relatam que é cobrada uma taxa extra de R$ 67,92, supostamente para pagamento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), como condição necessária para que a indenização seja depositada (aqui, aqui e aqui), o que nunca acontece.
Golpe semelhante mencionava o Serasa. Publicações muito parecidas, inclusive citando o mesmo valor de indenização, e que viralizaram nas redes sociais, envolveram o Serasa e igualmente tentam aplicar um golpe. A empresa negou o vazamento de dados, assim como também não houve qualquer determinação judicial que determinasse o pagamento de R$ 30 mil (aqui).
Dados de usuários da Meta vazaram entre 2018 e 2019. Houve uma série de vazamentos de informações pessoais de milhões de brasileiros no WhatsApp, Messenger e Facebook nos anos citados (aqui). O Instituto Defesa Coletiva moveu duas ações civis públicas contra a Meta, responsável pelas três ferramentas, parcialmente acolhidas em agosto de 2023 pela Justiça de Minas Gerais. Ficou estabelecido que o valor individual da indenização seria de R$ 5.000, restituíveis a partir do cumprimento de sentença coletiva (aqui). Dois meses depois, o órgão suspendeu a decisão. O total de ressarcimentos passava de R$ 20 milhões (aqui).
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