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Família constrói casa com resto de escombros para fugir de abrigos lotados em Branquinha (AL)

Família constrói casa com resto de escombros para fugir de abrigos lotados em Branquinha (AL) - Beto Macário/Especial para o UOL
Família constrói casa com resto de escombros para fugir de abrigos lotados em Branquinha (AL) Imagem: Beto Macário/Especial para o UOL

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Branquinha

28/06/2010 07h15

Depois de escapar “por sorte” com vida da enchente do rio Mundaú, mas perder praticamente tudo que tinha, a família Conceição usou a criatividade para amenizar a tragédia e garantir um local – pelo menos provisório - para viver.

O grupo foi vítima da tragédia em Branquinha, a 62 km de Maceió. Com os abrigos lotados, os dez integrantes da família que moravam na parte baixa da cidade não perderam tempo e saíram no meio dos escombros em busca de tábuas, papelões, lonas, lençóis e tudo o mais que os ajudassem a construir uma casa. “Fomos pegando uma coisa aqui, outra ali”, conta Fábio Conceição, 13, que ajudou na “construção”.

O resultado foi uma casa composta por vários materiais, com uma área aproximada de 15 m². A nova residência abriga dez pessoas, que dividem três colchões e uma única cama. “A gente se arruma, não tem opção. A gente preferiu aqui que os abrigos, que estão cheio demais. Pelo menos aqui só tem a gente”, diz Maria Ivonete Conceição, 22.

O local escolhido não poderia ser mais estratégico: um posto de combustível abandonado, às margens da BR-104 e a menos de 1 km da entrada da cidade. Com isso, a casa de papelão, lona e tábuas garante a proteção de chuva e sol.

A localização privilegiada também ajudou a família a garantir donativos. No momento da visita da reportagem do UOL Notícias, a bancada improvisada estava com mais de 20 garrafas de dois litros de água potável, além de duas cestas básicas. “As pessoas que vêm na pista nos veem, param e nos dão [mantimentos]. Graças a Deus estão nos ajudando”, relata Ivonete, afirmando que a situação não é de “fartura” nos abrigos. “Lá estão dizendo que a comida é pouca, tem gente demais, está apertado”.

Ivonete lembra que por pouco o irmão Fábio não foi levado pela correnteza. “Ele chegou a ser arrastado pelo rio, mas meu outro irmão conseguiu salvar ele. Se não fosse um pedaço de pau que ele segurou, ele teria morrido”, conta, sendo confirmado pela vítima.

Ao contrário de muitas famílias, os Conceição conseguiram salvar geladeira, fogão de duas bocas e os três finos colchões. O resto foi levado pelas águas. “Foi muita rápida a cheia, mas como nossa casa não era uma das primeiras na beira do rio, quando percebemos que estava chegando e não ia parar, começamos a tirar o que conseguimos”, afirma.

A prefeita de Branquinha reconhece que os abrigos estão lotados, já que todos os prédios públicos foram destruídos. “Mas não falta nada a ninguém, muito menos solidariedade. A cidade foi inteiramente destruída, tudo então está precário”, explica.

Sem água e energia

A situação em Branquinha permanece crítica. A cidade ainda está sem água encanada e o fornecimento de energia é deficiente.

A cidade, que foi 80% inundada pelo rio Mundaú, teve todos os prédios públicos destruídos.

No sábado (26), a Defesa Civil levou 200 caixas de água para garantir o abastecimento por meio de carros-pipa aos moradores.