Topo

Polícia encontra sangue e fios de cabelo em sítio de Bruno

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

14/07/2010 17h40Atualizada em 14/07/2010 18h04

A Polícia Civil de Minas Gerais encontrou vestígios de sangue e de fios de cabelo no sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas (MG), informou o delegado Edson Moreira nesta quarta-feira (14) em entrevista coletiva sobre as investigações do desaparecimento de Eliza Samudio, ex-namorada do atleta.

Segundo o delegado, foram encontrados vestígios de sangue em um colchão no quarto onde Eliza teria sido abrigada após ser sequestrada. Sérgio Rosa Sales Camelo, que é primo do goleiro e também está preso por envolvimento no caso, foi quem auxiliou a polícia nas buscas. O material vai ser encaminhado para exame de DNA. As buscas foram feitas ontem e encerradas somente na madrugada.

Buscas na casa de Bola
Hoje, a polícia recolheu material durante as buscas realizadas na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como quem estrangulou Eliza. No local, em Vespasiano, já haviam sido encontrados cães (dez rotweillers e um vira-lata) e um veículo Citröen em que a polícia descartou a existência de manchas de sangue. As buscas, que começaram hoje às 11h30, foram encerradas no final da tarde.

O delegado Hugo E. Silva, da Divisão de Referência à Pessoa Desaparecida, afirmou que foi colhido material, mas não disse de que tipo. Ele descartou, no entanto, que seja material orgânico. “Não é humano”, afirmou.

A polícia isolou a rua Araruama, no bairro de Santa Clara, e quebrou a laje e algumas paredes da casa. Foi utilizado um aparelho chamado GPR, um radar de penetração que faz um raio-X em materiais como o concreto, e foi fornecido pelo Departamento de Geologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Três técnicos da universidade auxiliaram a manusear o equipamento.

Segundo o tenente coronel João Luis Ramos, do Corpo de Bombeiros, foram perfurados dois pontos no escritório, uma lajota foi retirada no banheiro, e um ponto foi averiguado do lado de fora da casa. Debaixo de uma escada, onde cães haviam sido provocados por um odor forte, nada foi encontrado. O cheiro, segundo as equipes de busca, seria de uma rede de esgoto no local.

Em seu primeiro depoimento à polícia, um adolescente, primo do goleiro, afirmou que os restos mortais de Eliza haviam sido misturados com concreto, mas não soube precisar onde foram depositados.

Hoje, o adolescente foi ouvido pelos investigadores em Minas Gerais e, segundo o delegado responsável pelo caso, Edson Moreira, esta foi uma das razões para a realização das buscas na casa de Bola. “Hoje interrompemos a interlocução formal com ele considerando que ele está bastante cansado. Mas foi bastante cooperativo e retomaremos amanhã do ponto que paramos hoje”, afirmou a delegada Alessandra Wilke em entrevista coletiva concedida após o encerramento da operação.

Bruno e mais seis suspeitos estão presos na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG).

Eliza tentava provar, na Justiça, que teve um filho do atleta, que completou cinco meses recentemente.

Depoimento do menor
Em novo depoimento nesta terça-feira (13), o adolescente J., primo do goleiro Bruno e peça-chave no desaparecimento de Eliza, voltou a afirmar que viu a mão da moça ser jogada aos cães após ela ser morta e ter seu corpo esquartejado.

Além disso, J. repetiu que Bruno não estava presente no momento que Eliza teria sido morta.

O menor voltou a afirmar também que o amigo de Bruno, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, o chamou para dar um "grande susto" em Eliza. O adolescente prestou depoimento à Vara da Infância e Juventude de Contagem. Após a depoimento, a Justiça decretou sua internação por 45 dias.

Resultado da perícia
Não foi encontrado sangue no veículo Citröen do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, segundo informou a polícia na noite de terça-feira. Na semana passada, a polícia apreendeu o carro em Vespasiano (MG) por desconfiar de manchas que poderiam ser de sangue. 

O ex-policial foi indicado em depoimentos como o executor da morte de Eliza. Ontem, ele prestou depoimento à Polícia Civil de Minas, mas não respondeu as cerca de 50 perguntas feitas pelos policiais.