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Apesar do ciclone, Prefeitura de Canela (RS) mantém programação de inverno; hotéis estão lotados

Forte temporal com ventos de até 124 km/h atingiu Canela, na região serrana do RS; VEJA FOTOS - Vanessa Franzoni/Ag.RBS/AE
Forte temporal com ventos de até 124 km/h atingiu Canela, na região serrana do RS; VEJA FOTOS Imagem: Vanessa Franzoni/Ag.RBS/AE

Fabiana Uchinaka<br> Do UOL Notícias<br> Em São Paulo

22/07/2010 15h55

Os ventos de até 124 quilômetros por hora que atingiram Canela, na serra gaúcha, na noite desta quarta-feira (21) não assustaram os turistas. De acordo com a prefeitura, a programação da 17ª Festa Colonial, que no primeiro final de semana de julho levou 18 mil pessoas para a região, não sofrerá qualquer alteração.

Canela costuma lotar nesta época do ano, quando acontecem diversas atividades culturais no centro da cidade. A Central de Informações Turística prevê ocupação de 90% das vagas nos hotéis e pousadas da região até o fim de semana.

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"O ciclone é um evento curto no tempo e na distância que atinge, então o estrago foi localizado. Atingiu os bairros residenciais da zona sul. No centro, onde ficam os hotéis e as atrações turísticas, nada foi afetado. As estradas também estão trafegáveis", explicou o coordenador da central, Fauzi da Cruz.

Segundo ele, a cidade possui 56 hotéis e em apenas um foram registrados problemas.

"Eu moro a um quilômetro do centro e só fui saber do ciclone às 10h. A maioria das pessoas nem viu o vendaval, só ficou sabendo pelo rádio", contou Cruz.

A Prefeitura de Canela informou que os três bairros afetados pelo vendaval ficam a cerca de três quilômetros do centro. Os maiores prejuízos foram registrados no bairro de classe média Santa Terezinha, onde duas fábricas de móveis e uma metalúrgica foram destelhadas e cerca de 300 casas foram total ou parcialmente destruídas.

"Parece que uma motosserra passou pela cidade", diz prefeito de Canela (RS)

Ao relatar as imagens do estrago causado pelo vento, o prefeito Constantino Orsolini, 57, disse que nunca tinha visto algo assim em sua vida. "Tem bairros que parece que passou uma motosserra, derrubando todas as árvores."

Pelo menos 11 pessoas ficaram levemente feridas, cerca de 40 pessoas estão desabrigadas (não têm para onde ir) e 150 pessoas estão desalojadas (abrigadas em casa de parentes ou amigos).

"Foi horrível. Muitas famílias foram prejudicadas. Aqui na minha casa só duas partes ficaram destalhadas e choveu um pouco dentro. Mas todos os meus vizinhos foram afetados. Está muito frio e mesmo assim está todo mundo do lado de fora fazendo consertos", contou Helena Isaura Broilo da Cruz, 77.

Ela disse que está sem luz desde 20h40 de ontem, e a previsão é de a energia só vai voltar na sexta-feira. "Muitos postes foram atingidos. Então, a gente fica aqui com as velinhas. O pior é a geladeira e a falta de TV, mas podia ter sido pior. Do jeito que está a gente se ajeita", disse.

O prefeito Constantino Orsolin deve reunir até o final da tarde os documentos necessários para o decreto de estado de emergência. Segundo ele, o vendaval assustou os moradores. “Eu nunca tinha visto nada semelhante”, contou.

Alerta máximo
Nesta quinta-feira (22), todas as dez regionais da Defesa Civil do Rio Grande do Sul estão em alerta máximo. O Centro de Meteorologia do Estado prevê novas ocorrências de tempestades, com chuva forte e granizo, entre o litoral e o norte do Estado.

Segundo o subchefe da Defesa Civil, Aurivan Chiocheta, deslizamentos de terra ainda podem ocorrer em decorrência do solo encharcado. A Defesa Civil também já está monitorando partes da região Sul do Estado, onde o rio Uruguai está elevando o seu nível com intensidade.

Veja mais imagens da destruição no RS

Em Gramado e em São Francisco de Paula, o estrago ocorreu em pontos localizados, com a queda de árvores. Até o momento, a Defesa Civil não contabiliza feridos nessas cidades, e as administrações municipais avisaram que não irão decretar estado de emergência. Ao todo, entre cem e 300 casas foram atingidas nas cidades de Gramado, Canela e Nova Petrópolis.

De acordo com a RGE (Rio Grande Energia), 3.000 moradores estão sem energia na Serra. 

As chuvas da quarta-feira, segundo a Defesa Civil, fazem parte de um fenômeno conhecido como "vórtice ciclônico", que intensifica as correntes de ar, sobem até as camadas mais altas da atmosfera e aumentam a quantidade de água dentro das nuvens.

O forte vento atingiu a região por volta das 20h40. Na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a velocidade do vento registrada foi de 123,8 km/h. Os bairros mais atingidos foram Vila dos Cedros, Vila Maggi, São José, Santa Marta, Quinta da Serra e Santa Terezinha. Onze pessoas deram entrada no Hospital de Caridade até à meia-noite – nenhuma com ferimentos graves.

Em Gramado, os estragos foram menores. De acordo com a secretária de Assistência Social da cidade, Íria de Souza Pinto, apenas os bairros que fazem divisa com Canela registraram problemas. Algumas casas e hotéis foram destelhados e árvores caíram sobre as ruas. Não há registro de feridos.

Em Nova Petrópolis, apesar da chuva de granizo, não houve destelhamentos nem quedas de árvores. Em Bento Gonçalves, 4.700 consumidores estão sem luz. Ventos removeram todo o telhado de uma casa no loteamento Zatt.

Outras cidades da Serra também tiveram ocorrências com a forte chuva. Em São Marcos, houve queda de barreira no quilômetro 110 da BR 116, por volta das 18h40 de ontem, conforme informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O trânsito está interrompido em uma terceira faixa do trecho e a Convias está trabalhando no local, conforme informou a policial. Não há previsão de liberação da pista.