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Após 24 anos, corredor Diadema/Brooklin (SP) começa a funcionar; MP investiga superfaturamento

Guilherme Balza

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

31/07/2010 07h00Atualizada em 31/07/2010 17h35

Depois de 24 anos de obras, o corredor de ônibus que liga o município de Diadema ao bairro do Brooklin (zona sul da capital paulista) começou, enfim, a funcionar neste sábado (31). Com 12 km de extensão, o corredor começa no Terminal Metropolitano de Diadema e termina na marginal Pinheiros.

  • Saad Mazloum/Divulgação

    Um dos 36 pontos de parada do corredor, que terá também nove estações de transferência

  • Saad Mazloum/Divulgação

    De acordo com Saad Mazloum, a obra ainda precisa de alguns ajustes; o promotor pedirá que as cercas de arame (foto) sejam retiradas do canteiro central

Durante os anos em que a obra ficou parada, os usuários do transporte público foram obrigados a enfrentar ônibus lotados e o trânsito congestionado da região. O novo corredor entra para o rol de obras estaduais na área de transportes entregues com atraso. Também foram inaugurados fora do prazo o trecho sul do Rodoanel e o primeiro trecho da Linha 4-Amarela do Metrô – ambos com atraso de dois anos.

A expectativa do governo de São Paulo é que, inicialmente, 85 mil usuários utilizem a nova obra diariamente. Pelo corredor, circularão linhas metropolitanas operadas pela empresa Metra e administradas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), além de linhas municipais, gerenciadas pela SPTrans.

Seis governadores
O corredor começou a ser construído em 1986, na gestão de Franco Montoro (PMDB), que governou o Estado de São Paulo entre 1983 e 1987. A obra atravessou os governos de Orestes Quércia, Luiz Antonio Fleury (ambos do PMDB) e dos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman até ser inaugurada.

Ao longo desses 24 anos, a obra sofreu várias paralisações. A última delas aconteceu durante o segundo mandato de Alckmin, que prometeu entregar o corredor em outubro de 2006. Na época, a obra chegou a avançar, mas não foi concluída. A construção só foi retomada no final do ano passado quando a EMTU passou a ser o órgão do governo responsável pela obra, em substituição ao Metrô, que estava a frente da construção desde 1986.

Em novembro do ano passado, uma nova licitação foi assinada com o consórcio Enpavi-Urbaniza. Desde a assinatura do novo contrato, o promotor Saad Mazloum passou a acompanhar passo a passo a execução da última fase da obra, que custou R$ 24,5 milhões, segundo o governo. “Quando eu soube dessa obra não acreditei. É uma demora absurda. Instaurei um inquérito civil para fazer com que a obra terminasse no tempo mais rápido possível e que se respeitasse o segundo contrato”, afirmou o promotor.

Ao mesmo tempo, Mazloum instaurou inquérito para investigar as razões do atraso e se houve superfaturamento durante esses 24 anos. “Estamos apurando porque demorou tanto. Já iniciamos uma perícia para verificar se houve superfaturamento, ver quanto o governo pagou e quanto as construtoras receberam”, disse.

De acordo com o promotor, uma das possibilidades para o atraso é a falta de recursos públicos para a obra. “O presidente do Metrô (José Jorge Fagali) disse que o motivo do atraso foi a falta de repasses do governo para a obra nesses anos. Estamos verificando isso”, afirmou Mazloum.

A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a assessoria do governo do Estado para comentar o assunto. A assessoria orientou a reportagem a procurar a EMTU, mas a empresa não se manifestou.

A obra
O novo corredor atravessa as avenidas Presidente Kennedy, Cupecê, Vereador João de Luca, Professor Vicente Rao e Roque Petroni Jr, que ligam Diadema à marginal Pinheiros, na altura da estação Morumbi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O corredor une regiões densamente povoadas, como o Grande ABC, Cidade Ademar e Campo Belo, ao Brooklin, um dos principais pólos empresariais e comerciais da zona sul da capital.

Em Diadema, o trecho inaugurado fará conexão com o corredor metropolitano São Mateus-Jabaquara, no qual circula uma frota de 265 ônibus, que transportam cerca de seis milhões de usuários por mês. O corredor passará ao lado da futura estação Brooklin-Campo Belo da Linha 5-Lilás do Metrô, que deve ser inaugurada até 2014.

Diferente do projeto original, que previa a circulação de trólebus --modelo de ônibus que não polui-- no corredor, nos primeiros dias a frota circulante será de veículos movidos a diesel. Pelo compromisso firmado com o Ministério Público, a empresa Metra, que irá operar os ônibus, colocará em circulação veículos elétricos híbridos em um prazo de 45 dias. Os trólebus só devem operar no novo corredor dentro de um ano.
 

Mapa do corredor Diadema/Brooklin

  • Reprodução/Google Maps

    O corredor Diadema/Brooklin liga o Grande ABC à marginal Pinheiros