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Após um ano de campanha sobre faixa de pedestre, atropelamentos aumentam 22% em Porto Alegre

Especial para o UOL Notícias<BR>Em Porto Alegre

10/09/2010 17h16

Um ano depois de adotar uma campanha massiva para disciplinar o uso das faixas de segurança, a Prefeitura de Porto Alegre amarga um resultado negativo. O número de atropelamentos aumentou 22,7% nos primeiros oito meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e agosto de 2009, a cidade registrou 817 atropelamentos; no mesmo período deste ano, foram 999.

Se a estatística considerar os últimos 12 meses (agosto de 2009 a agosto deste ano), período da primeira fase da campanha, o número de ocorrências ficou 15,5% maior: os acidentes com pedestres somaram 1.450 ocorrências contra 1.255 do mesmo período anterior.

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que administra o tráfego na capital gaúcha, reconhece que a campanha não trouxe os resultados esperados.

A campanha do governo, que orienta os pedestres a estenderem a mão na faixa para pedir a preferência aos automóveis, envolveu filmes na televisão, outdoors, distribuição de panfletos e anúncios em jornais e rádios.

O presidente da EPTC, Vanderlei Capellari, disse que o gesto tem sido mais utilizado por crianças e adolescentes do que pela população adulta, especialmente em locais de grande concentração, como escolas e parques.

Segundo o artigo 70 do Código de Trânsito Brasileiro, os pedestres que estiverem atravessando sobre a faixa de segurança têm prioridade em relação aos automóveis. A única exceção é para faixas que tenham semáforos para os pedestres. A infração é considerada gravíssima, sujeita a multa de R$ 574,72 e sete pontos na carteira.

"As pessoas mais velhas sentem um pouco de vergonha de estender a mão e pedir a sua vez", admite Capellari. "Infelizmente, não se muda um hábito cultural de uma hora para outra", justificou.

Atropelamentos aumentam, mas mortes caem
O presidente da EPTC ressalta que, apesar do número de atropelamentos ter aumentado, o número de mortes nos acidentes caiu nos últimos meses. Entre janeiro e agosto de 2009 morreram 54 pedestres no trânsito de Porto Alegre, enquanto no mesmo período deste ano foram 45 mortes –uma redução de 20%.

A coordenadora da ONG Thiago de Moraes Gonzaga, que faz campanhas por um trânsito consciente em Porto Alegre, Diza Gonzaga, afirma que a campanha não chegou a resultados expressivos.

"Num primeiro momento até houve certa adesão ao sinal, mas foi só acabar a campanha na mídia que o gesto caiu em desuso. O comportamento no trânsito requer campanhas permanentes", disse.

A EPTC está preparando a segunda fase da campanha. Além de reforçar o sinal da mão estendida, a prefeitura estuda intensificar a presença de agentes de trânsito junto às faixas de pedestre e punir com multa os motoristas que não pararem.