Topo

Vila em Rondônia terá 90% de área alagada por usina

Alex Sakai<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Porto Velho (RO)

09/10/2010 07h00

O impacto da construção da usina de Jirau obrigou o núcleo urbano de Mutum-Paraná (distante 160 km da capital de Rondônia, Porto Velho), vila com quatro mil habitantes, a ser transferido para outro local, pois 90% da área da região será totalmente alagada quando a usina estiver pronta.
Durante as audiências públicas, realizadas para discutirem a situação das famílias que seriam remanejadas, foi acordado que eles receberiam compensações pelo transtorno causado pela mudança.

O gerente de remanejamento da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), Marco Furini, disse, à época, que a empresa ofereceria uma nova moradia aos envolvidos no processo de implantação da usina, construiria um novo estabelecimento aos comerciantes com terreno igual ou superior ao que possuíssem no distrito. “Se alguém tinha um bar com área de 120 metros, terá um novo construído medindo 150 metros”, afirmou.

“Os próprios comerciantes ou empresários escolhem como querem suas lojas, farmácias ou supermercados e nós executamos o projeto aprovado respeitando as características de cada seguimento”, acrescentou Furini.

Os moradores, no entanto denunciaram que a empresa está contrariando os acordos. Os moradores alegam que os valores oferecidos pela ESBR estão abaixo do valor real das propriedades.

A Assembléia Legislativa de Rondônia criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na construção das usinas do rio Madeira.

Durante o processo de negociação, a ESBR fez quatro propostas aos moradores do local. Como primeira opção, transferência para a Nova Mutum, vila que está sendo construída próxima ao canteiro de obras de Jirau, a 60 km da antiga vila de Mutum.

A segunda alternativa seria a indenização em dinheiro para quem não quiser morar na nova vila. E a terceira opção, para os ribeirinhos do rio Mutum e do rio Madeira que não abrem mão de seus costumes e cultura, e sobrevivem em função rio, foi a possibilidade de instalá-los às margens do rio Jacy. Para os moradores da área rural que não estão adaptados ao convívio em áreas urbanas, foi proposta ainda a criação de um assentamento rural.

O representante da ESBR disse ainda que os moradores que se transferissem para a nova vila receberiam uma ajuda de custo pelo período de um ano, em uma carta de crédito de 55 mil reais. Em contrapartida, de acordo com a moradora Cleusa Tesser, a Usina de Santo Antonio está dando ajuda de custo de três anos e o valor da carta de crédito é de 109 mil reais. “Por que a diferença, somos cidadãos de segunda classe?” pergunta a moradora.