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Advogado de Bruno diz que suposta noiva do goleiro atrapalha defesa

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

18/10/2010 21h33

O advogado Ércio Quaresma afirmou nesta segunda-feira (18) que a dentista carioca Ingrid Oliveira, 25, que se apresenta como noiva do goleiro Bruno Souza, atrapalha a defesa do goleiro. Segundo o advogado, as acusações de Ingrid servirão apenas para que ela “continue namorando com o Bruno na cadeia pelos próximos 30 anos”. Nesse domingo, o programa “Fantástico”, da TV Globo, divulgou uma reportagem na qual a dentista exibe gravação em que Quaresma teria ameaçado a moça.
 
“Na minha ótica, se ela continuar o que ela está fazendo, ela continuará tendo relacionamento sexual com o Bruno pelos próximos 30 anos na cadeia. O que ela vai acabar conseguindo é somente isso”, disse Quaresma, dando a entender que a defesa de seu cliente será mais difícil com a exposição negativa sobre o caso.

Ingrid fez a primeira visita íntima ao goleiro neste fim de semana, na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Bruno, que está no local desde o início de julho, é réu no processo sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, sua ex-amante.

Segundo reportagem do “Fantástico”, em um trecho da gravação, o advogado teria falado sobre outro réu no caso. “Eu estou segurando o pretenso matador, que é meu amigo há 20 anos, cujo título você conhece de verdade: Marcos Aparecido dos Santos.” Santos, conhecido como Bola, é apontado pela Polícia Civil de Minas Gerais como o executor de Eliza. "Eu brinco que quem ensinou ele a fazer as coisas fui eu", diz ainda Quaresma na gravação. Segundo o advogado, a citação sobre Bola se deu porque ambos foram colegas no tempo em que eram policiais.

O defensor ainda insinuou, na gravação, que o corpo de Eliza ainda não apareceu por conta de intervenção direta dele. “Ela [Ingrid] pegou uma conversa particular minha e botou no ‘Fantástico’. A conversa teve um total de 40 minutos e apenas alguns trechos foram tirados dela, de forma completamente descontextualizada”, defendeu-se. “Essa senhora só prejudica uma pessoa: o Bruno.”

Em outro trecho, Quaresma tenta amedrontar a dentista: “Eu sou o cão, eu sou o demônio, eu sou satã, eu sou lúcifer”. O defensor disse que isso era uma “brincadeira [que faz] com clientes há 20 anos” –segundo ele, o apelido seria por causa de sua “feiúra”. “A única leitura que eu faço é que a Rede Globo está muito preocupada comigo e não com o caso”, disse.

Comissão de Ética da OAB
Nessa segunda-feira, a OAB-MG informou que o caso foi repassado à Comissão de Ética e Disciplina da Entidade e que solicitou à emissora a íntegra da reportagem. A assessoria de imprensa adiantou que o procedimento será feito em sigilo.

Anteriormente, o órgão já havia anunciado que investigaria a atuação de Quaresma depois das denúncias de Ingrid. Um ofício foi enviado à Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais, órgão que administra a unidade prisional onde o goleiro está detido, para que ele seja ouvido sobre ameaças que teria recebido do advogado, outra acusação feita pela dentista.

No entanto, na última quarta-feira (13), o jogador se referiu a Quaresma como “um pai que eu nunca tive” e revelou não ser alvo de nenhuma ameaça. A declaração foi feita após o atleta deixar um hospital em Contagem. Ele foi levado até lá em razão de ter passado mal durante audiência realizada no fórum da cidade para colher depoimentos de testemunhas arroladas no caso.
 
Ameaças
Além da dentista, parentes do goleiro também acusaram Quaresma de ameaçar familiares que querem ele fora do caso. Segundo a avó de Bruno, Estela de Souza, 78, que criou o goleiro, o advogado é “péssimo” e “não vale nada”. Ele é acusado ainda de desviar dinheiro do atleta.

Estela também afirmou não querer mais que ele faça a defesa do seu neto. “Você só está pegando dinheiro”, acusou a avó durante audiência realizada no dia 6, em Ribeirão das Neves, (MG).

“Quem administra o pouco que ele tem sou eu. E é só perguntar a ele se ele quer trocar
de advogado”, limitou-se a dizer Quaresma.

Outro que manifestou ter sido ameaçado, desta vez de morte, foi o advogado Marco Antônio Siqueira, defensor de Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno e também réu no processo. Ele ameaçou abandonar o caso, mas voltou atrás.

Segundo Siqueira, as ameaças teriam sido feitas a mando de Quaresma e em razão de ele não concordar em fazer parte de “blocão” de advogados montado pelo defensor de Bruno. O grupo é responsável pela defesa de sete dos nove réus acusados do sumiço de Eliza. Mais uma vez, Quaresma nega todas as acusações.