Ao chegar para audiência, delegado do caso Mércia diz que vai colocar Mizael na cadeia
O delegado responsável pela investigação da morte de Mércia Nakashima, Antonio de Olim, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou por volta de 9h desta segunda-feira (18) ao Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo, para participar como testemunha da primeira audiência de instrução do processo que busca punir os responsáveis pela morte da advogada paulista. “Fui chamado pela defesa. Vou contar o que investiguei e responder o que precisa. E colocar Mizael na cadeia”, afirmou, em referência ao réu e principal suspeito do crime, o ex-namorado de Mércia Mizael Bispo de Souza.
Mizael, que é policial militar reformado, já chegou ao Fórum. Ele entrou por uma porta lateral e não teve contato com a imprensa.
O outro réu no caso, Evandro Bezerra da Silva, suposto comparsa de Mizael, que teria ajudado a planejar e a organizar a execução da advogada, também já esta no prédio e aguarda o inicio da audiência.
O corpo de Mércia Nakashima foi encontrado no dia 11 de junho deste ano em uma represa em Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.
A audiência deve durar dois ou mais dias e serão ouvidas testemunhas da defesa, de acusação, além dos dois réus, Mizael e Evandro.
No total, serão 28 pessoas ouvidas pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano. Após escutar os relatos das testemunhas e dos réus, o magistrado poderá decidir se os dois prováveis assassinos de Mércia deverão ir a júri popular. Se interpretar que precisa de mais prazo para avaliar o caso, o juiz pode se pronunciar posteriormente, em até 10 dias.
Samir Haddad Jr., advogado do policial reformado, já avisa que tentará adiar a audiência. Sua alegação é a de que o laudo pericial sobre a reconstituição do crime foi anexado fora do prazo previsto em lei. "(O laudo) foi juntado ao processo somente hoje (sexta-feira, 15), quando as partes precisam, no mínimo, ter cinco dias para analisar esse tipo de documento", afirma ele, que planeja pedir o adiamento da sessão logo no início dos trabalhos desta segunda-feira. "Se o juiz não concordar, participaremos normalmente e tentaremos a anulação da audiência posteriormente."
Na análise de Rodrigo Merli, promotor do Ministério Público (MP) responsável pelo processo, as informações obtidas no estágio policial das investigações são contundentes e serão usadas para mostrar ao magistrado que Souza e Silva mataram a Mércia. "Os rastreamentos do GPS do carro de Mizael, assim como dos celulares que ele usava, derrubam toda a defesa e mostram que ele é culpado pelo crime", disse.
Entre as testemunhas que o promotor espera levar ao fórum estão os irmãos da advogada, o pescador que encontrou o corpo dela, assim como amigos da família, um investigador da polícia e até um funcionário do posto de gasolina em que Silva trabalhava. "Estamos apenas cumprindo uma etapa processual. Para nós, está mais do que claro que eles tiveram participação no homicídio e merecem ir a júri", argumenta.
O caso
Mércia foi vista pela última vez no dia 23 de maio da casa dos avós em Guarulhos. Foi encontrada morta em 11 de junho na represa de Nazaré Paulista. Segundo a perícia, a advogada foi agredida, baleada, teve a mandíbula quebrada e morreu afogada dentro do próprio carro no mesmo dia em que sumiu.
Para o Ministério Público, Souza matou a ex-namorada movido por ciúmes, e o vigilante Evandro Bezerra Silva o ajudou na empreitada criminosa. O promotor alegou que as provas determinantes para o convencer da autoria do crime foram a quebra do sigilo telefônico e os depoimentos contraditórios de Souza. O ex-policial tinha um celular, registrado em nome de terceiros, em que conversou 16 vezes com o suposto comparsa no dia estimado do crime. Além disso, a polícia descobriu que, sempre que falava com o vigia, voltava a ligar para a ex-namorada.
Um laudo pericial reforça a suspeita sobre Souza ao apontar a presença de uma alga, que seria compatível com alga presente na represa, em seu sapato. Além da alga, foram encontrados na sola do sapato resíduos de chumbo compatíveis com a bala que feriu Mércia, uma mancha de sangue e um pedaço de osso. Souza nega as acusações.
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