Topo

Defesa de Bruno afirma que vai pedir anulação de processo sobre sumiço de Eliza

Carlos Madeiro<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

17/11/2010 20h15

O advogado de defesa do ex-goleiro Bruno Souza, Ércio Quaresma, anunciou nesta quarta-feira (17) que vai seguir a recomendação do médico-perito George Sanguinetti e pedir a anulação do processo que acusa Bruno e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, pelo sumiço e suposta morte de Eliza Samudio.

Contratado pela defesa do ex-goleiro como assistente técnico, Sanguinetti prestou depoimento em Maceió (AL) sobre o caso e contestou os argumentos da polícia para indiciar Bruno e Bola no caso.

“A polícia não encontrou nada. Não há prova alguma, nem física, nem científica. Com base nisso, estarei endossando o pedido de Sanguinetti e pedindo a nulidade do processo”, afirmou Quaresma, na saída do Fórum de Maceió.

Segundo ele, um novo habeas corpus a favor de Bruno deve ser impetrado até a próxima sexta-feira. “Até agora eu só pedi um habeas corpus emergencial a favor do Bruno. A meta é que esse novo pedido seja impetrado com provas mais robustas. Eu tenho a certeza de que o atleta é inocente, e acredito que ele estará em liberdade até o Natal”, disse.

Relatório

O médico-perito George Sanguinetti garantiu, em relatório entregue à juíza Maria da Graças Gurgel, da 2ª Vara Criminal da Capital, que nada incrimina Bruno e Bola. “Não existem provas materiais nos laudos periciais realizados pela Polícia Técnica. Não há cadáver, restos cadavéricos, despojos, resíduos ou fragmentos identificados por DNA, como pertencente à desaparecida”, diz no documento.

O médico afirmou que a Justiça não pode condenar alguém por assassinato se o corpo da vítima não foi encontrado. “Não há nenhuma prova de que Eliza esteja morta, muito menos que o crime teria ocorrido na casa do Bola, como afirma o delegado. A polícia se baseou no depoimento do menor J., que já o negou em depoimentos posteriores à Justiça", assegurou.

Além disso, o perito afirmou que o delegado do caso, Edson Moreira, usou “provas ilegais” para incriminar Bruno e Bola. "O código processual é claro: são inadmissíveis as provas captadas de forma ilícita. O delegado do caso enviou um depoimento para o IML [Instituto Médico Legal], e isso não existe em lugar nenhum do mundo", afirmou.

Para Sanguinetti, o menor J., primo do goleiro, e o amigo de Bruno, Luiz Henrique Romão --0 Macarrão--, "é quem devem dar conta de Eliza, pois foram eles que sumiram com a ex-amante do Bruno".

Ainda nesta quarta-feira, o médico entregou o laudo de DNA, realizado pelo laboratório forense da Universidade Federal de Alagoas, apontando que, em todo o material recolhido na casa de Bola e no sítio de Bruno durante perícia de Sanguinetti, “não foi encontrado DNA humano”.

O advogado de Bruno elogiou a perícia paralela de Sanguinetti e disse que ela deve servir como modelo. “Ela [perícia] deve ser apresentada pelo país como referência para os acadêmicos. Ele atestou aquilo que a Polícia Militar de Minas concluiu: não existe corpo. Nem sequer um átomo indica que Eliza esteve naquele sítio. E olhe que a perícia mineira utilizou dos instrumentos mais apropriados para investigar o caso. Nem um fio de cabelo dela foi encontrado”, afirmou.