Sob tensão, moradores da Vila Cruzeiro, no Rio, enfrentam dificuldades de acesso e de transporte
Sob clima de forte tensão e medo, os moradores do bairro da Vila Cruzeiro, onde a Polícia Militar realiza uma megaoperação contra traficantes no Rio de Janeiro, enfrentam várias dificuldades de acesso e de transporte, mas algns deles moradores da região apoiam a intervenção no local.
O comércio está fechado e há pouco movimento nas ruas. Motoristas e cobradores da Viação Nossa Senhora de Lourdes, empresa de ônibus que faz o serviço até a Vila Cruzeiro, tiveram que voltar para a garagem porque os ônibus não estão subindo até lá. Os poucos ônibus que passam pela avenida Brás de Pina passam vazios.
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William Cristiano, 31 anos, funcionário de um supermercado da região, diz que tem familiares que moram na Vila Cruzeiro e que eles não estão conseguindo sair de lá, por causa dos tiroteios. Segundo ele, até o contato pelo telefone está complicado. "Está 'brabo' até de trabalhar. A operação veio na hora certa. O certo seria o Exército na rua de novo", disse ele.
Rogério de Brito, 41 anos, é motoboy de uma farmácia da Penha, perto da Vila cruzeiro. Ele não foi trabalhar hoje e também apoia a operação: "Já estava na hora. Os caras [traficantes] são muito abusados, tem muito vagabundo na pista", disse. Ele é de Pernambuco e mora na Penha há 21 anos e só neste ano, teve duas motos roubadas no bairro.
O diretor do Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social (Ibiss), o holandês Namko van Buuren, disse que o clima na favela está muito tenso. “Os moradores tentam se esconder atrás do cimento das casas com medo de bala perdida”, afirmou. O Ibiss atende até 5.400 crianças por semana, dentro da Vila Cruzeiro.
Segundo ele, muitos moradores já saíram da comunidade por causa do confronto. Van Buuren vê com reticência a ocupação da polícia na favela. “A gente não apoia porque muita bala perdida atinge mais os moradores.
Preocupado, o diretor do Íbis lembrou que os traficantes “têm um total controle de tudo que está acontecendo. Eles têm várias câmeras”.
Entenda os ataques
Uma onda de violência assola o Rio de Janeiro desde o último domingo (21), quando criminosos começaram uma série de ataques e incendiaram veículos –mais de 50 casos já foram registrados no Estado até esta quinta-feira (25).
Na segunda-feira, as autoridades fluminenses consideraram os ataques uma resposta à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais. A intenção seria colocar medo na população.
A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Na quarta-feira, oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR).
Desde o começo da semana, uma megaoperação está sendo feita em diversas comunidades da capital, sendo a Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio, o local com combates mais intensos.
Uma determinação do comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, obrigou todos os policiais de folga a retornar para seus batalhões. A Marinha foi enviada para ajudar no combate e o governo federal enviou reforço da Polícia Rodoviária Federal.
Mais de cem pessoas já foram presas e mais de 30, mortas durante os combates. Grande quantidade de armas e drogas estão sendo apreendidas diariamente. A operação em resposta aos crimes não tem data para acabar, informam as autoridades. .
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