Sinimbu (RS) sem água, comida e remédio; comerciante perde R$ 2 milhões

Moradores e comerciantes de Sinimbu, cidade que é atravessada pelo rio Pardinho, na região central do Rio Grande do Sul, perderam tudo com as enchentes no estado. A estimativa da prefeitura é que mais de 2.000 moradores tenham sido desalojados, mas ainda não é possível calcular os danos. O centro da cidade, que abriga o comércio, foi o mais afetado. Salões de beleza, farmácias, supermercados —não sobrou nada. Faltam água potável, medicamentos, alimentos e produtos de higiene básica.

O que aconteceu

Sinimbu fica no Vale do Rio Pardo, mas é banhada pelo rio Pardinho, que transbordou na última terça-feira (30). Mais de 200 milímetros de chuva fizeram o rio inundar boa parte da cidade, que está sem sinal de internet, telefonia e eletricidade.

O hospital municipal emitiu um comunicado pedindo doações de gazes, ataduras, medicamentos e até mesmo de gelo.

Segundo a Brigada Militar, cinco desaparecimentos foram confirmados, mas o número ainda pode aumentar. "Estamos sem comunicação, então muita coisa chega até nós como 'não estamos conseguindo contato'. Podem ser desaparecimentos ou não", afirmou um porta-voz da entidade. Sete pessoas foram internadas e 25 foram encaminhadas às ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos).

Sinimbu registrou pelo menos cinco desaparecimentos
Sinimbu registrou pelo menos cinco desaparecimentos Imagem: Milton Quoos

Nesta sexta-feira (3), parte das estradas e pontes que ligam Sinimbu às cidades do Vale do Rio Pardo voltaram a ser acessíveis. Mesmo assim, o acesso ao município é limitado, principalmente à zona rural.

A família de Milton Quoos estima que o prejuízo supere R$ 2 milhões. Duas casas e uma loja de informática, no centro da cidade, estão quatro metros abaixo da água. "Todo o comércio foi afetado em Sinimbu, não dá para comprar um prego sequer."

Sete pessoas estão internadas após a cheia do rio Pardinho em Sinimbu
Sete pessoas estão internadas após a cheia do rio Pardinho em Sinimbu Imagem: Milton Quoos

Quoos conta que sua família tem uma casa antiga, construída após uma enchente ocorrida em 1919 para ser "à prova de água". Por mais de um século, a casa, avaliada recentemente em R$ 800 mil, resistiu às cheias do rio Pardinho. Agora, está debaixo d'água. "Essa é a pior enchente da nossa história, consegue superar a que levou as casas em 1919", afirma o morador.

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A família do gaúcho está revezando as noites na casa de amigos que não foram tão atingidos. Ele ainda não sabe se sobrou algo da casa, mas diz que vai reconstruí-la, se necessário.

Na terça-feira, eu e minha filha de 15 anos tivemos que lidar com a chuva que entrou em casa. Foi muita lama, mas a chuva passou e conseguimos limpar. Assim que paramos para descansar, foi tudo muito rápido. Só faltavam dois degraus para a água entrar novamente em casa. Minha filha me chamou, peguei o carro e fui buscar minha sogra. Só salvei meu carro. Em minutos, estava tudo alagado.
Milton Quoos, comerciante de Sinimbu (RS)

O comerciante se deslocava três vezes por semana para fazer hemodiálise numa cidade vizinha. Com a cheia, precisou interromper o tratamento. O hospital da cidade também está lotado, como outros da região central do estado.

A Brigada Militar e a Defesa Civil chamam voluntários para atuar no resgate dos desaparecidos. É necessário fazer o cadastro no site da cidade antes de se dirigir ao município, cujos acessos ainda estão limitados.

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