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"Esperávamos uma reação, mas não sabíamos que seria desse tipo, insana, covarde", diz subsecretário

Blindados da Marinha chegam à Vila Cruzeiro, no Rio, para ajudar no operação da polícia - Júlio César Guimarães/UOL
Blindados da Marinha chegam à Vila Cruzeiro, no Rio, para ajudar no operação da polícia Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Guilherme Balza

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

25/11/2010 13h33

O subsecretário de Planejamento de Integração Operacional da Secretaria de Segurança Pública do RJ, Roberto Sá, disse que o governo do Estado já esperava uma reação do tráfico à instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para outros Estados, mas não imaginava que a resposta viria dessa forma, com dezenas de ônibus e carros queimados e ações violentas em vários pontos da cidade.

“Sendo bem claro, transparente e sincero, é óbvio que esperávamos esse tipo de reação, mas não dava para imaginar que seria assim, louca, insana, irresponsável, covarde”, afirmou. “A gente esperava tentativas de retomada de territórios, tiros em policiais, mas não esses ataques ao aparato público, aos moradores”, disse.

Questionado se o governo e a polícia não estavam preparados para enfrentar essa onda de violência, o subsecretário afirmou que “há informação nenhuma no mundo que indique onde isso (os ataques) vai acontecer”.

“Em Nova York (EUA), que tem um policial em cada esquina, foi um camelô que denunciou a existência de bomba”, disse, citando o episódio em que um explosivo foi deixado numa caixa em Times Square, coração de Nova York, em maio deste ano.

Sá defendeu o endurecimento da legislação contra os autores de ataques desse tipo. “A lei precisa ser revista”. O subsecretário afirmou ainda que a transferência de presos que lideram facções criminosas dificulta a articulação do tráfico, mas não é capaz de acabar com ações orquestradas. “A transferência tira o preso de uma zona de conforto, com visitas freqüentes, mas, como estamos vendo, não impede que eles passem ordens”.

Em maio de 2006, após os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, quase 500 pessoas foram mortas. Entidades defensoras dos direitos humanos e um grupo de mães das vítimas acusam a polícia e o Estado de promoverem execuções sumárias, inclusive de inocentes, em resposta às ações da facção.

No Rio, 27 pessoas já foram mortas pela polícia em confrontos --inclusive inocentes atingidos por balas perdidas. Roberto Sá, contudo, afirma que a polícia do RJ não irá responder aos ataques com execuções sumárias. “A polícia irá reagir com organização, vontade de reverter esse quadro, sem abusos, respeitando os direitos humanos”,disse.

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  • Fonte: Relatório divulgado pela PMERJ