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Trabalhadores do setor aéreo não descartam greve para ainda este mês

Janaina Garcia <br> Do UOL Notícias

Em São Paulo

06/01/2011 16h07

A negociação marcada para o próximo dia 12, no Rio de Janeiro, entre aeronautas (pilotos e comissários), aeroviários (trabalhadores do setor, em terra) e empresas aéreas deve ser decisiva para a deflagração ou não de uma nova tentativa de greve no setor – e para ainda este mês, antes do dia 20. A informação é do presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Gelson Fochesato, que falou ao UOL Notícias, nesta quinta-feira (6), sobre os bastidores da negociação que, dia 12, entra em nova etapa na capital fluminense, na sede do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea).

 

No final de dezembro, os trabalhadores do setor aéreo garantiram em assembleias das respectivas categorias uma paralisação que acabou minada por três liminares judiciais. Eles reivindicam, entre outros pontos da pauta de negociação, aumento do efetivo e, principalmente, a reposição de perdas salariais com um índice que começou em 15%, contra 6%, ofertado pelas empresas.

“Há várias arestas ainda para serem aparadas; até lá (dia 12), esperamos que sejam. Por exemplo: desde 29 de dezembro, as empresas avançaram para 8,2%, enquanto nós baixamos 5% dos 15% iniciais de reajuste que pleiteávamos”, disse o representante nacional dos aeronautas. Em todo o país, a categoria contam com mais de 15 mil profissionais. Os aeroviários (trabalhadores em terra), por sua vez, somam aproximadamente 35 mil em todos os Estados.

Segundo Fochesato, situações como pressão das empresas para que escalas sejam extrapoladas e férias, canceladas – a fim de atender a demanda --, mesmo após a ameaça de greve, se somam à insatisfação gerada entre os trabalhadores, com as decisões judiciais, no caso de a negociação não avançar para os 10% pretendidos.

“Os trabalhadores mostraram boa vontade no dia 29 de dezembro, mas, com a truculência da Justiça em relação a eles, se gerou um clima muito ruim. Ou seja: se o que vier na mesa de negociação for insuficiente e a categoria rejeitar, em assembleia na sequência, será inevitável o movimento grevista”, definiu o dirigente.

Operação-padrão

Essa semana, parte dos comissionários e pilotos da maior companhia aérea do país, a TAM, iniciou uma operação-padrão que chegou a atrasar mais de 50% dos voos da empresa nos últimos três dias. Na prática, os funcionários decidiram cumprir todos os procedimentos previstos em lei sem aceitação de que escalas de trabalho fossem alteradas. Eles recusaram, ainda, abrir mão de folgas legais ou exceder a jornada diária (9h30 em voo e 11 horas à disposição da empresa). Em nota, a TAM disse desconhece a manifestação e informou estar empenhada na negociação do dia 12.

Para o presidente do sindicato nacional dos aeronautas, contudo, a operação-padrão “é apenas uma expressão da revolta interna”. “Devido à continua pressão das empresas de impedir a greve , os funcionários somente decidiram que não aceitam mais mudar a programação de suas escalas horárias e de férias – agem estritamente dentro do que rege a lei e cumprem exatamente a escala, nem que voos tenham de ser cancelados”, afirmou Fochesato, que completou: “Isso mostra que não são liminares torpres que resolvem o problema: com greve ou sem greve, o caos aéreo continua”.

Snea

Sobre a ameaça de greve e aumento do índice de reajuste, o Snea informou, por meio de sua asessoria de imprensa, que não há, por ora, uma resposta sobre o assunto – que será tratado, resumiu o representante do órgão, “apenas na negociação do dia 12”. A respeito de pontos da pauta que não contemplem especificamente índice de reposição – tais como contratação de pessoal, por exemplo --, a assessoria disse que “este ano, pelo acordo, é só o índice econômico. Mas de dois em dois anos reajusta tudo”.

Nesta quinta (6), segundo os boletins divulgados ao longo do dia pela Infraero (estatal que administra os aeroportos brasileiros), a média de atrasos de mais de 30 minutos em voos domésticos está bem abaixo do registrado em dias anteriores -- de 11,5% a 12% nas viagens programadas desde a zero hora. Já os voos internacionais registram atrasos de, em média, 14% no dia.