Sob pressão, presídios de SP têm um agente agredido a cada 18 horas em 2024

Sob pressão após a denúncia de ameaça de morte do PCC ao ex-PM Ronnie Lessa, os presídios de São Paulo registraram uma agressão a cada 18 horas a policiais penais neste ano. O dado faz parte de um levantamento do sindicato da categoria obtido com exclusividade pelo UOL.

Assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Lessa foi transferido na semana passada do presídio federal de Campo Grande para o complexo prisional de Tremembé (SP).

O que aconteceu

Unidades prisionais de São Paulo registraram 203 agressões contra policiais penais até 31 de maio, quando foi concluído o levantamento. Mas a compilação de dados obtida pelo UOL só foi concluída nesta segunda-feira pelo Sifuspesp, o sindicato que representa os policiais penais.

Número de casos cresceu quatro vezes em relação a 2023. No mesmo período do ano passado, o sindicato contabilizou 54 registros, média de um caso a cada três dias.

Especialistas relacionam o baixo índice de agentes como um dos fatores que contribui com a escalada da violência nos presídios de SP. Com pouco mais de 20 mil policiais penais, déficit de efetivo do Estado é de mais de 7.900 servidores, o maior nos últimos dez anos, indica levantamento do sindicato da categoria.

Procurada, a SAP disse oferecer suporte aos policiais penais em qualquer eventual situação de conflito (veja nota abaixo). Já em relação ao baixo efetivo, a Secretaria da Administração Penitenciária disse que será realizado um concurso para a contratação de 1.100 policiais penais.

[Em situação de conflito], o servidor é prontamente auxiliado e a situação rapidamente controlada, seja pelos servidores da unidade, seja pelo Grupo de Intervenção Rápida, que surgiu justamente para manter a ordem e a disciplina nos presídios. Os presídios de regime fechado contam com abertura e fechamento automatizado de porta de cela, minimizando o contato entre pessoas presas e policiais pena.
Nota da SAP

O que dizem os especialistas

O desrespeito da população em relação ao policial penal com esse aumento da violência acende um alerta sobre a necessidade de reforçar o número de agentes dentro do sistema prisional.
Ivana David, desembargadora do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo)

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Os presos começaram a perceber que estamos em menor número e estão indo para o enfrentamento. O caldeirão está borbulhando. Com baixo efetivo, como vamos evitar mais mortes? Hoje, não temos controle nenhum nas cadeias.
Fábio Jabá, presidente do sindicato dos policiais penais de SP

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