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No 10º dia de buscas no RJ, Teresópolis começa a cadastrar desabrigados para aluguel social

Do UOL Notícias

Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília

20/01/2011 22h50

A tragédia que matou pelo menos 766 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro e tem outras mais de 300 desaparecidas, pelos cálculos do Ministério Público Estadual (MPE), chega ao décimo dia de buscas nesta sexta-feira (21) com as primeiras ações pelo cadastramento de famílias em programas sociais de liberação de renda --caso de Teresópolis, com o aluguel social.

Segundo o boletim das 22h desta quinta-feira emitido pela secretaria estadual de Saúde e da Defesa Civil do Rio de Janeiro (Sesdec-RJ), além de dados das Defesas Civis municipais e da Polícia Civil, as mortes estão concentradas principalmente nas cidades de Nova Friburgo (365) e Teresópolis (308), que, juntas, respondem por quase 90% do total de mortes. Há ainda 65 mortos no distrito de Itaipava, em Petrópolis, 21 em Sumidouro, além de uma morte em Bom Jardim e seis em São José do Vale do Rio Preto, onde os corpos foram encontrados, mas que, de acordo com a prefeitura, não seriam de moradores da cidade e devem ter sido levados até lá pelas enchentes.

Entre desalojados e desabrigados, o número mais expressivo até a noite de quinta-feira é o de Teresópolis, onde, apesar de o centro da cidade não ter sido atingido pela devastação de enchentes e deslizamentos, há mais de 5.000 desabrigados e mais de 6.200 desalojados, conforme os números da prefeitura. Pelos dados da Sesdec, Petrópolis tem ao menos 3.600 desalojados e 2.800 pessoas desabrigadas, enquanto Nova Friburgo tem 3.220 desalojados e 1.970 desabrigados.

333 ainda desaparecidos

Pela nova lista do MPE, dos 33 desaparecidos na tragédia, 117 estão em Nova Friburgo, 156 em Teresópolis, 29 em Petrópolis, três em Bom Jardim, um em Sumidouro, um em São José do Vale do Rio Preto e 26 em localidades não identificadas. As informações registradas por parentes e amigos são comparadas com dados de hospitais e do Instituto Médico Legal (IML).

Aluguel social

Nesta quinta, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), se reuniu em Teresópolis com prefeitos das cidades afetadas para a assinatura do convênio que prevê o cadastramento e o pagamento do benefício do aluguel social. Pelo acordo, o cadastramento das famílias será realizado pelos governos municipais e deve começar já nesta sexta-feira (21).

Inicialmente, 7.000 famílias dos sete municípios prejudicados pela chuva que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro receberão aluguel social. De acordo com o governador, a perspectiva é de que o benefício comece a ser pago a partir do mês que vem. O valor total dos recursos será de R$ 40,8 milhões ao ano, cedidos pelos cofres dos governos estadual e federal.

Prejuízos no turismo

A Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis fez um levantamento dos prejuízos no setor hoteleiro e verificou que 79% das reservas de janeiro foram canceladas. A partir desse dado, uma reunião nesta quinta (20) no distrito de Itaipava serviu para a discussão de ações que tentem, se não reverter esse número, ao menos informar o público de fora do município a normalidade na vida fora das áreas atingidas pelas enchentes e deslizamentos.

De acordo com a prefeitura da cidade, ainda que as chuvas tenham atingido setores de Itaipava, como o Vale do Cuiabá, Benfica e Madame Machado, todo o restante do  terceiro distrito e as outras regiões do município estão registrando prejuízos na rede hoteleira -- são reservas canceladas até mesmo para o  período de março. Outros segmentos da cadeia turística também já sentem os efeitos.

 

  • Números aproximados. Fontes: Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Prefeituras das cidades afetadas e Polícia Civil do RJ

PAC

Também nesta quinta, em Brasília, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse -- após a primeira reunião do Fórum de Infraestrutura, no Palácio do Planalto -- que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinará R$ 11 bilhões para obras de contenção de encostas e drenagem contra enchentes. A presidente Dilma Rousseff também participou da reunião.

Belchior afirmou que R$ 10 bilhões serão destinados à drenagem e R$ 1 bilhão para contenção de encostas e metade desses recursos já está à disposição para ser liberado aos municípios que apresentarem "projetos consistentes".

Saiba como ajudar

As cidades afetadas recebem doações de diversas partes do país (veja aqui como ajudar). Entre os itens mais pedidos pelas prefeituras e Defesa Civil de Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).

As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza, objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede, principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede água, pó de café, feijão, enlatados, leite em pó, açúcar, material de higiene, fósforos, velas, isqueiros, cobertores, colchões, roupas de cama, mesa e banho, roupas de adultos e crianças, calçados.

Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas íntimas. A cidade reforça o pedido de galochas e capas de chuva, que serão usados por profissionais e voluntários em campo.

Cidades atingidas pela chuva