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Polícias de RJ e SP prendem três e recuperam R$ 160 mil em medicamentos roubados do SUS

Guilherme Balza

Do UOL Notícias <BR> Em São Paulo

14/02/2011 18h52

Em operação realizada nesta segunda-feira (14), as polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo, em conjunto com a Corregedoria Geral da Administração e a Secretaria de Saúde de SP, recuperaram R$ 160 mil em medicamentos que foram desviados do SUS (Sistema Único de Saúde) nos últimos meses e seriam comercializados ilegalmente.

Os medicamentos foram apreendidos em cerca de dez estabelecimentos em SP e no Rio onde os produtos seriam comercializados ou utilizados. Os remédios roubados seriam usados no atendimento a pacientes da rede pública.

No Rio, os agentes da Polícia Civil checaram cinco endereços comerciais ou residenciais na Vila Isabel (zona norte), onde foram encontrados remédios provenientes de cargas roubadas de São Paulo ou desviados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Hospital do Andaraí e Hospital Central da Polícia Militar.

Duas pessoas foram presas em um endereço onde os produtos eram distribuídos. Os responsáveis pela distribuidora, no entanto, não foram localizados. Os donos do estabelecimento serão indiciados por receptação e formação de quadrilha.

Em SP, foi preso, em uma clínica que recebia os remédios roubados, um auxiliar de enfermagem que estaria aplicando medicamentos com a data de validade vencida.

A maior parte dos medicamentos desviados é utilizada no tratamento de câncer. Alguns remédios --como o Avastin, o Mabthera e o Herceptin-- custavam cerca de R$ 900 a R$ 1.000. Segundo Gustavo Úngaro, presidente da Corregedoria Geral da Administração de SP, os produtos foram obtidos por meio do roubo de cargas, furtos e desvios promovidos por servidores públicos.

De acordo com Úngaro, ainda não é possível determinar se existe uma quadrilha organizada nos dois Estados por trás do esquema. “Há uma grande chance de ser uma organização criminosa, mas isso ainda não está comprovado”, afirma. “A partir da ação de hoje a polícia poderá abrir novas frentes de apuração."

As investigações começaram com a Corregedoria Geral da Administração e a Secretaria Estadual de Saúde de SP a partir de indícios do desvio dos remédios dentro da rede pública. Houve um trabalho de rastreamento dos produtos para se chegar aos criminosos.

Ainda não há uma estimativa do total de medicamentos que foi roubado nos últimos meses. De acordo com Úngaro, em um único roubo a uma unidade de saúde de Santo André (SP), ocorrido em novembro de 2010, cerca de R$ 1 milhão em medicamentos foi levado. “Como os remédios são caros, poucas embalagens já têm um valor elevado. Isso gera uma atratividade para esse tipo de crime”, diz o presidente.