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Polícia divulga retratos falados de dois suspeitos pelas mortes em Nova Ipixuna (PA)

Do UOL Notícias

Em São Paulo

07/06/2011 13h57

A Polícia Civil do Pará divulgou nesta terça-feira (7) os retratos falados dos dois principais suspeitos pelo assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, mortos no último dia 24 em Nova Ipixuna (PA).

Segundo o delegado agrário José Humberto de Melo Júnior, os retratos foram desenhados por peritos da Polícia Civil a partir de depoimentos das testemunhas que disseram ter visto a movimentação dos suspeitos antes e depois dos crimes. Até agora 32 pessoas, entre parentes, amigos e lideranças comunitárias da área onde ocorreram os crimes, foram ouvidas, informou a polícia.

PROCURADOS

  • Divulgação/Polícia Civil

    Retratos falados dos principais suspeitos pelas mortes em Nova Ipixuna (PA)

De acordo com os retratos, um dos suspeitos seria branco e teria altura entre 1,60 m e 1,65 m, rosto arredondado e cabelos lisos castanhos. Já o segundo homem seria negro, com olhos médios, nariz chato e cabelos curtos escuros, compleição forte e altura aproximada de 1,70 m. A polícia do Pará já tem a identidade dos dois principais suspeitos, mas não irá divulgá-la antes que as prisões ocorram.

Meses antes de sua morte, José Cláudio afirmou, durante uma conferência sobre a Amazônia, que poderia ser morto a qualquer momento. O delegado, porém, diz que a região onde o casal morava não havia tido registros da ação de pistoleiros até então.

“Até antes desses crimes não havia nada de especial naquela região. Não tínhamos denúncias sobre ação de pistoleiros, disputa de terras ou outras ocorrências de natureza criminal. Nada que nos levasse a acreditar que ali seria uma zona conflituosa”, afirmou Humberto.

A rota de fuga dos dois suspeitos, segundo a polícia, foi o rio Tocantins. Testemunhas teriam relatado que os dois homens foram vistos às 5h30 do dia do crime seguindo para o assentamento e às 8h30 fazendo o caminho inverso em direção ao rio.

Lei do silêncio

A Polícia Civil admite estar encontrando dificuldade na apuração dos crimes. Segundo José Humberto, o disque-denúncia (181) recebeu poucas informações e as pessoas estão com medo de falar com os policiais. Com a divulgação dos retratos esperamos quebrar o silêncio e conseguir a colaboração das pessoas, seja de forma direta, indo à delegacia ou através do telefone 181. A ligação é sigilosa.”

O delegado afirmou mais uma vez que a morte do lavrador Eremilton Pereira da Silva não tem relação com a morte do casal, embora a vítima residisse no mesmo assentamento que os extrativistas.

A Polícia Federal também está investigando os crimes no sudeste do Pará. Hoje, homens da Força Nacional de Segurança chegaram à região.

Onda de mortes

Cinco camponeses foram mortos na região norte em menos de dez dias, quatro deles no sudeste paraense. O última morte foi de Marcos Gomes da Silva, 33, natural do Maranhão, assassinado em Eldorado dos Carajás no quarta-feira (1º).

Na semana retrasada, três mortes ocorreram em Nova Ipixuna, também no sudeste do Pará: o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.

Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.

Ninguém foi preso pelos crimes ocorridos no Pará. Em Rondônia, o suspeito Ozias Vicente, que atuava na extração ilegal de madeira, foi detido na segunda-feira (30). A polícia investiga a participação de outras pessoas no crime.

Veja onde os camponeses foram mortos