Enfermeira negra insultada por médico receberá R$ 60 mil de indenização em Sertãozinho (SP)
A Justiça condenou o médico José Alves Lara Neto, 57, de Sertãozinho (333 km de São Paulo), a pagar R$ 60 mil à técnica de enfermagem Clotilde Jesus de Carvalho Miranda por danos morais.
De acordo com a decisão, o médico teria dito “cala a boca, sua negra, ou te dou um tapão na boca e arrebento seus dentes", em 2003, durante uma discussão na Santa Casa da cidade. Não cabe mais recurso contra a decisão do tribunal. A defesa do médico tenta mudar o cálculo do valor da indenização.
“Eu não a chamei de negra. Jamais faria isso. Todas as pessoas que me conhecem sabem que eu seria incapaz de proferir um insulto desse tipo”, afirmou o médico na tarde desta quinta-feira (16).
Segundo Lara Neto, a confusão começou por causa de uma paciente com crise respiratória aguda que o aguardava do lado de fora da sala de emergência do hospital. “A porta estava trancada. Depois de eu pedir dez vezes para a porta ser aberta, eu reclamei com a enfermeira e aí começamos a discutir.”
De acordo com o médico, a ação tem somente o objetivo de lhe “tomar dinheiro”. Quatro testemunhas ouvidas no processo confirmaram a versão da enfermeira.
Segundo elas, o médico teria ofendido Clotilde com expressões de cunho racista e poderia ter batido nela se funcionários do hospital não o tivessem impedido.
“Ele também foi condenado por injúria na esfera criminal”, disse o advogado da enfermeira, Jorge Marcos Souza, 57. O médico nega a condenação por injúria.
A enfermeira, segundo o advogado, chegou a passar mal no dia da briga. “A pressão dela subiu para 18 e ela não conseguiu fazer prova na faculdade. Tomara que essa condenação sirva para ele respeitar mais as pessoas.”
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