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Após 11 dias de espera, policial vítima de acidente é operado no interior de Alagoas

Aliny Gama<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

04/07/2011 20h43

Foram exatos 11 dias de espera pelo serviço público de saúde, até que o policial civil de Alagoas Cléber Cardim Pinto, 36, conseguisse se submeter a uma cirurgia para reparação de fraturas na região da bacia e do fêmur esquerdo. O policial ficou ferido enquanto realizava uma diligência na madrugada do último dia 24. A cirurgia, que implantou duas placas de metal e 14 pinos na região atingida, durou cinco horas e foi realizada na tarde desta segunda-feira (4) no hospital particular Chama, em Arapiraca (AL). A longa espera de Cléber por uma cirurgia foi divulgada pelo UOL Notícias no último sábado.

Segundo o boletim médico do hospital, o paciente se recupera bem da cirurgia, já deixou a sala de observação e foi transferido para a enfermaria.

Antes da cirurgia, o policial conversou com a reportagem e disse estar confiante na recuperação, mas ressaltou que, devido ao longo tempo de espera, foi informado que poderá ter sequelas motoras.

“Tive de fazer novos exames hoje porque o médico disse que eu fiquei com parte do tecido ósseo do fêmur necrosado, devido ao tempo de espera pela cirurgia. Também já ocorreram algumas calcificações, e o médico disse que os exames realizados no HGE [Hospital Geral do Estado, onde estava internado em Maceió] estavam ruins, como o raio-x, que seria de péssima qualidade”, afirmou.

Segundo Cléber, a cirurgia só foi possível devido ao esforço de seus amigos. “Fui bem atendido no HGE, mas eu estava lá como mais um, como um cidadão comum, e não como um funcionário que se acidentou durante o trabalho. Tudo que consegui até hoje foi graças a meus amigos. Até agora nada, nenhum apoio do Estado”, disse.

Secretaria nega falta de assistência

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds) negou que não tenha prestado assistência ao policial e informou que as direções do órgão e da Polícia Civil tomaram "todas as providências necessárias" para garantir a assistência do policial.

“Ao saber do acidente, a Seds solicitou a assistência ao acidentado. De pronto foi encaminhado uma profissional de assistência social e um médico da PM, que deram a assistência que poderiam prestar à vítima”, alegou.

A nota ressaltou ainda que somente graças ao esforço das secretarias de Estado da Saúde e da Defesa Social é que Cléber conseguiu a cirurgia. “O delegado-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco, buscou contatos com autoridades a fim da realização da cirurgia do policial. O secretário de Estado da Defesa Social, Dário Cesar, também sempre ficou em contato com órgãos competentes para o devido atendimento ao servidor. Parceria essa que resultou na marcação, na transferência e realização da cirurgia”, disse ainda a nota.

O acidente

Cléber se acidentou quando estava indo a uma diligência na madrugada do dia 24 de junho, em Maceió. Segundo ele, um veículo particular desceu uma ladeira na contramão e colidiu de frente com o carro da polícia, conduzido por ele. Além de Cléber, outro policial ficou machucado, mas já foi operado e se recupera bem.

Sem plano de saúde, o policial civil foi socorrido para o HGE, onde aguardou por dez dias a cirurgia. Segundo ele, durante esse período, apesar de ter sofrido um acidente de trabalho, não recebeu nenhuma ajuda do governo.