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"Ele vai jogar tudo nas minhas costas", diz Bola sobre delegado que investiga morte de Eliza Samudio em Minas Gerais

Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado de envolvimentos em diversos crimes - Cristiano Trad/O Tempo/Agência O Globo
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado de envolvimentos em diversos crimes Imagem: Cristiano Trad/O Tempo/Agência O Globo

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Contagem (MG)

13/07/2011 15h55

O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado pela Polícia Civil de Minas Gerais de ter executado Eliza Samudio, declarou nesta quarta-feira (13) em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) ser inocente de crimes atribuídos a ele e ainda revelou não ter sido mentor de plano para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, responsável pelo caso.

Bola acusou o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Minas Gerais e um dos responsáveis pelas investigações sobre a ex-amante do goleiro Bruno Souza, de querer incriminá-lo em crimes que ele não teria cometido. Além de ser réu no processo de Eliza Samudio, ele é apontado por participação em mais quatro homicídios.

“O Edson Moreira declinou para mim que todo cachorro morto que viesse rolando ele iria jogar tudo nas minhas costas. Isso, na gíria policial, significa pessoa que morreu (assassinada) sem (que a) autoria (consiga ser determinada)”, disse Santos, liberado pela magistrada para dar declarações à imprensa após encerramento de sessão de processo de instrução sobre morte de um carcereiro, em 2000, em que ele é réu.

O ex-policial seria ouvido na tarde de hoje, mas a magistrada encerrou a audiência antes de interrogá-lo porque testemunhas não foram localizadas para prestar depoimento. Marixa Rodrigues determinou que a sessão seja retomada no dia 12 de agosto deste ano.

Procurado pela reportagem do UOL Notícias, o delegado Edson Moreira afirmou que não foi o responsável pelo inquérito sobre a morte do carcereiro. “Ele (Bola) estava passando batido em muitos casos. Mas com a exposição na mídia por causa do caso da Eliza Samudio, ele ficou conhecido no Brasil inteiro. Aí, testemunhas começaram a reconhecê-lo.”

Bola aproveitou a oportunidade dada pela juíza e negou que tenha tido envolvimento na morte de Eliza Samudio. Ele ainda afirmou não ter tido contato antes do sumiço da moça com o goleiro Bruno e com seu “braço direito”, Luiz Henrique Romão, o Macarrão.

“Eu sou inocente, venho sofrendo há 400 dias. (...) Nunca conheci Bruno nem Macarrão. Eu espero que vocês repórteres coloquem isso (na imprensa). Eu estou preso por causa de uma, duas ou três ligações”, afirmou Bola, aludindo ao inquérito que apontou ligações entre os réus no processo no dia indicado pela polícia como sendo o da morte de Eliza (10 de junho do ano passado).

Conversa com juíza

Após a audiência, Bola pediu para se aproximar da magistrada, que também cuidou do processo sobre o sumiço de Eliza Samudio, e afirmou não ter partido dele a ordem para matá-la. Ele acusou o colega de cela, que fez a denúncia, como um “sociopata”. Santos disse ser a acusação “infundada” e teria nomes de testemunhas que poderiam provar o teor do relato feito a Marixa Fabiane.

“Nunca passou pela minha cabeça essas mentiras que foram faladas”, afirmou. Por sua vez, a magistrada disse que não tomaria nenhuma atitude contra ele nem ouviria os nomes que poderiam ser indicados por Bola.

“Eu não tenho nada contra o senhor. Mas o senhor está preso por outros motivos. Eu não vou tomar nenhuma providência contra o senhor. Não vou levar isso à frente nem vou ouvir essas pessoas porque estou ouvindo o senhor informalmente”, declarou a juíza, que desde abril é escoltada por policiais militares depois que o suposto plano para matá-la veio à tona.

Ameaças de morte

Bola afirmou ter sido ameaçado de morte no tempo em que passou na penitenciária de segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem. Segundo ele, foi jurado por outros presos confinados no local.

“(As ameaças) eram gritadas. (Diziam a mim:) você vai morrer lá fora ou vai morrer aqui dentro”, afirmou o acusado. O advogado de Bola disse que vai pedir investigações sobre o caso. “Ele já foi transferido desde que as ameaças foram feitas”, disse Fernando Magalhães.

Bola está desde abril deste ano em um presido na cidade de São Joaquim de Bicas, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.