Justiça retoma julgamento de padres acusados de pedofilia em Arapiraca (AL)
Será retomado nesta sexta-feira (22) o julgamento dos padres Edilson Duarte, 43, Luiz Marques Barbosa, 84, e Raimundo Gomes, 50, acusados de pedofilia contra três ex-coroinhas em Arapiraca (AL). A sessão na Vara de Infância e Juventude de Arapiraca foi suspensa no último dia 8.
Segundo o juiz responsável pelo caso, João Luiz de Azevedo Lessa, estão marcados os depoimentos de 23 testemunhas (20 de defesa, duas de citação e uma de acusação). Além deles, haverá também os interrogatórios dos padres, a explanação da Promotoria –que faz a acusação de pedofilia– e a defesa dos advogados dos religiosos.
De acordo com o magistrado, o julgamento foi interrompido devido à falta de uma testemunha de acusação que estaria viajando a trabalho. Outras duas pessoas que foram citadas nos depoimentos também foram convocadas. “Como a Justiça tem que concluir todos os depoimentos de acusação antes de ouvir as testemunhas de defesa, fui obrigado a suspender o julgamento”, explicou. Segundo previsão do juiz, os depoimentos não têm hora para acabar, mas antecipou que todos devem ser ouvidos até esta sexta.
Segundo ele, o processo tem quase mil páginas e, devido à complexidade do caso, será preciso mais um tempo após a conclusão dos depoimentos e dos trabalhos de defesa e acusação para que seja dada a sentença. O juiz garante que o veredicto sai até o próximo dia 1º de agosto. Se condenados, os padres podem pegar de quatro a dez anos de prisão.
Acusação
Os jovens Anderson Farias, 22, Cícero Flávio, 23, e Fabiano Ferreira, 22, ex-coroinhas das paróquias dos três padres, acusam os religiosos de abuso sexual quando eram adolescentes. Segundo eles, os padres usavam a influência para aliciar ex-coroinhas e os iniciar sexualmente. Os padres negam as acusações.
O caso veio à tona após a divulgação na TV de um vídeo mostrando cenas de sexo entre o padre Luiz Marques e um ex-coroinha. A defesa dele alega que as imagens mostram Luiz Marques mantendo relação sexual com um ex-coroinha quando ele tinha mais de 18 anos.
Por precaução, o Vaticano afastou os três religiosos de suas atividades –além disso, os padres Luiz Marques e Raimundo Gomes perderam os títulos de monsenhor.
A denúncia dos ex-coroinhas levou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia do Senado a realizar sessão na cidade. À época, em abril de 2010, o senador Magno Malta (PR) colheu depoimentos dos envolvidos no caso e ofereceu a delação premiada ao padre Edilson Duarte, para que ele confessasse os abusos e o depoimento ajudasse nas investigações. Após o término da CPI, o padre Luiz Marques chegou a ter a prisão temporária decretada, por estar com um passaporte em casa, mas foi liberado dois dias depois.
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