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Operários de Salvador paralisam obras em protesto por morte de 9 colegas em acidente

Parentes choram morte de operários mortos em queda de elevador em Salvador (BA) - Arestides Baptista/Ag. A Tarde/Futura Press
Parentes choram morte de operários mortos em queda de elevador em Salvador (BA) Imagem: Arestides Baptista/Ag. A Tarde/Futura Press

Luiz Francisco<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Salvador

10/08/2011 10h54

Com faixas, apitos e carros de som, cerca de 3.000 operários da construção civil, de acordo com policiais militares, fizeram na manhã desta quarta-feira (10) uma manifestação em algumas das mais movimentadas ruas e avenidas de Salvador em protesto ao acidente que provocou a morte de nove colegas, nesta terça-feira (9). O trânsito ficou congestionado em áreas de grande fluxo de veículos porque, além de ocuparem uma faixa das pistas, os manifestantes também não esperavam os semáforos fecharem para atravessar as ruas.

Na manhã de ontem (9), o elevador de um prédio em construção na avenida Antonio Carlos Magalhães despencou, matando todos os seus nove ocupantes. O choque no chão ocorreu a uma velocidade estimada em 140 km/hora, de acordo com informações preliminares da perícia. Fiscais do trabalho apontam duas causas para o acidente - rompimento de um cabo de aço e falha no freio de emergência, que não interrompeu a queda livre do equipamento.

Antes de iniciar a manifestação, sindicalistas percorreram os principais canteiros de obras da cidade para mobilizar os trabalhadores. “Alguns gerentes das construtoras fizeram ameaças, dizendo que vão cortar ponto dos nossos companheiros, mas não vamos aceitar porque simplesmente estamos pedindo mais segurança nas obras”, disse o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira da Bahia), José Ribeiro.

Por volta das 8h30, os manifestantes se concentraram nas imediações de um canteiro de obras da avenida Luís Viana Filho, principal ligação entre o centro de Salvador e o aeroporto internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães. Em seguida, caminharam até o cemitério Bosque da Paz para participar dos enterros de Antonio Elias da Silva, Lourival Ferreira e José Roque dos Santos. Os outros seis sepultamentos estão previstos para esta tarde - um em Salvador e cinco no interior do Estado.

A obra onde aconteceu o acidente, um edifício comercial de 32 andares, foi embargada por tempo indeterminado pela prefeitura. Responsável pelo empreendimento, a construtora Segura divulgou nota informando que o elevador que despencou tinha passado por todas as manutenções preventivas. No momento do acidente, cerca de 400 operários trabalhavam na obra, e o elevador realizava sua terceira viagem.

Nesta manhã, em visita às instalações da obra, o chefe de segurança da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia, Flávio Nunes, afirmou que o elevador utilizado pelos funcionários “é ultrapassado, mas permitido por lei”. O laudo apontando as causas do acidente deverá ser divulgado nos próximos 30 dias. Segundo a 16ª Delegacia, responsável pelas investigações, se o laudo apontar imperícia ou negligência, os responsáveis pela obra poderão ser indiciados sob suspeita de homicídio.