Piauí pede apoio da Força Nacional para garantir segurança no Estado após paralisação de policiais
Sem policiais nas ruas desde a manhã desta quarta-feira (10), o governo do Piauí decidiu, na tarde de hoje (11), pedir apoio do governo federal e convocar, em caráter de urgência, a Força Nacional de Segurança para garantir o patrulhamento no Estado.
Nesta quarta-feira, os policiais militares do Piauí iniciaram o “Movimento Polícia Legal”, pelo qual se recusam a cumprir o serviço de rua sem as “garantias fundamentais previstas em lei”. Segundo os manifestantes, todo o patrulhamento está paralisado no Piauí por tempo indeterminado.
Mas os policiais militares garantem que só vão sair às ruas se o governo do Estado cumprir uma série de exigências, como coletes e fardamentos novos e adaptações dos “carros-cela” – para que ele fiquem separados dos acusados detidos durante o transporte de presos.
Entre as exigências está que o policial militar ao volante tenha curso de direção de emergência. Segundo a associação, o treinamento só foi dado a dois policiais no Estado, o que inviabilizou a saída de carros dos quartéis.
“Somente com esse ponto, que não é cumprido pelo governo, paramos todo o Estado. A adesão é total. Fizemos uma conscientização por dois meses, e a decisão de deflagrar o movimento foi unânime, tomada na terça-feira. Todas as associações estão unidas nessa luta”, afirmou a presidente da Associação dos Militares do Piauí, Marcioneide Barbosa.
Segundo ela, a principal reivindicação é por aumento salarial. Marcioneide Barbosa informou que os militares têm como principal pedido a isonomia do piso salarial com a Polícia Civil. “Hoje, um policial em início de carreira ganha R$ 2.300, enquanto um soldado recebe R$ 1.400. Queremos que seja um piso único”, disse.
A presidente da Associação dos Militares do Piauí ainda assegurou que os militares piauienses vão tentar impedir a chegada da Força Nacional no Estado. “De avião eles não pousam aqui, pois temos militares no aeroporto e, caso seja confirmada a chegada deles, vamos deixar o local sem militares, o que inviabiliza voos. Estamos esperando uma definição para agirmos”, afirmou.
Força Nacional e melhores condições
A decisão de convocar a Força Nacional foi tomada pelo governador Wilson Martins (PT) nesta tarde, após reunião com as secretarias de Segurança Pública, Justiça, Governo e Administração, além da procuradoria do Estado e os comandos da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
Em nota, o governador reconheceu a paralisação e informou que a “principal preocupação [com a convocação da Força] é garantir a segurança da população”. O governo também estuda medidas legais para tentar pôr fim ao movimento dos policiais.
Sobre as reivindicações, o governo alega que está elaborando uma proposta de aumento salarial para os policiais militares que contemplaria uma série de reajustes entre 2012 a 2015.
Segundo o governador, até dezembro o Estado deve concluir e enviar mensagem à Assembleia Legislativa, com uma proposta de reajuste “maior que 53%, a ser dado em quatro parcelas” –valor correspondente dado aos militares nos últimos quatro anos.
O governador prometeu incluir gratificações como vencimentos e assegurar que os militares que recebem menores salários tenham um aumento mais elevado.
Porém, para o governador, “o motivo dessa greve certamente não é questão salarial”. “Os policiais militares do Piauí não ganham o que o governador deseja, mas demos aumento de 11% para os militares este ano enquanto o aumento geral foi de 7,1%. Estamos em dia com a PM, com aumento votado em Lei a aceito pela categoria”, disse.
Sobre melhores condições de trabalho, o governo alegou que está investindo em novos equipamentos para a polícia. “Em pouco mais de um ano foram convocados mais de 700 policiais militares concursados para reforçar o efetivo da corporação e que foram compradas, nesse período, 67 viaturas, além de 2.400 coletes (registro de preço) e 350 pistolas”, diz, em nota.
O Ministério da Justiça informou que até o fim da tarde desta quinta-feira não havia recebido o pedido oficial do governo do Piauí para envio da Força Nacional. Porém, segundo a assessoria de imprensa do órgão, caso o pedido seja feito, o ministro José Eduardo Cardoso deverá liberar e enviar a tropa de forma imediata, por se tratar de paralisação de serviços essenciais.
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