Porto Alegre instala unidades semelhantes às UPPs cariocas em zonas violentas da capital
A Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul, com apoio da Polícia Civil e da Brigada Militar (BM), começou a instalar nos bairros mais violentos de Porto Alegre postos avançados para políticas de Estado. Os chamados Territórios da Paz são similares às unidades de polícia pacificadora (UPPs) cariocas e têm o objetivo de promover a combinação de ações policiais e sociais.
Nesta terça-feira (13), armas foram apreendidas, e 19 suspeitos de relação com homicídios e tráfico de drogas foram presos em uma ação envolvendo 300 policiais civis e 30 militares no bairro Restinga, o mais violento da capital. Com base em uma investigação iniciada há mais de dois meses, a operação efetivou o processo desencadeado na semana passada, quando um posto móvel de policiamento ostensivo da BM começou a operar na região 24 horas por dia.
“A semelhança dos Territórios da Paz com as UPPs é a origem dos dois projetos, que derivam do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), de 2008, que implantou essa forma de atuação combinada de ações policiais e sociais”, disse o coordenador do Programa Estadual de Segurança com Cidadania (Proesci), delegado Carlos Roberto Sant'Ana.
Porém, explica Sant'Ana, segurança pública não é sinônimo de polícia. “As polícias são fundamentais e insubstituíveis. Por isso é essencial implementar programas sociais, mas sempre com a presença das forças de segurança. Se não, os programas serão administrados pelo tráfico.”
Entretanto, segundo o coordenador, a similaridade entre os projetos gaúcho e carioca acaba por aí. “Ambos derivam do mesmo conceito, que é o de unir ações policiais e sociais. Mas são situações diferentes. Seria impossível fazer o que fazemos em Porto Alegre no Rio de Janeiro, e desnecessário fazer o que o que é feito nos morros cariocas nos bairros porto-alegrenses. São estruturas distintas.”
As UPPs foram criadas especificamente para a demanda carioca, instaladas em uma base fixa, para penetrar em áreas absolutamente dominadas pelo tráfico. “Tanto que a polícia, para entrar nessas regiões, precisou do apoio das Forças Armadas. Mas hoje, por exemplo, no Complexo do Alemão, o Exército está sozinho. O que é um equívoco, já que ele não tem o intuito de fazer policiamento.”
A ideia em solo gaúcho é abrir espaço para políticas de Estado, programas de saúde, microcréditos e ações sociais. Mas sempre com o apoio das forças policiais. “No Rio Grande do Sul, a polícia vai permanecer no local e se aproximar da população através de ações sociais, levando o Estado às comunidades.”
A Secretaria de Segurança informou que instalará os Territórios da Paz também nos bairros Rubem Berta (zona norte de Porto Alegre), Lomba do Pinheiro (leste) e Santa Teresa (sul). Junto com a Restinga, essas quatro áreas concentram 37% dos homicídios de Porto Alegre, que, por sua vez, é responsável por mais de 25% dos assassinatos no Estado.
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