Prefeitura de São Paulo nega risco iminente de explosão em Cingapura ao lado do Center Norte

Em meio a polêmica sobre o shopping Center Norte, na zona norte da capital paulista, interditado por conter gás metano no subsolo, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) também havia divulgado que estava gerenciando, junto com a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sehab), a situação de contaminação na área do Conjunto Habitacional Cingapura, localizado na avenida Zaki Narchi. Em nota na tarde desta quinta-feira (6), a secretaria divulgou que o local, construído em 1995, onde vivem hoje 2.787 pessoas, não está sob risco iminente.

"Conforme consta da ata da reunião realizada ontem (5/10) no Ministério Público Estadual, a Cetesb confirma 'que as medições feitas pela Sehab até hoje nos apartamentos não constatou a presença de gás em áreas confinadas, ou seja, não se constatou até agora risco iminente de explosão'", diz o comunicado.

No dia 30 de setembro, Vicente Aquino, gerente do setor de avaliação e auditoria de áreas contaminadas da Cetesb, disse que a área apresentava risco potencial de explosão que é idêntico ao do Center Norte. O órgão solicitou à administração municipal ações de intervenção na área contaminada.

O Cingapura fica à margem do antigo aterro sanitário que funcionou no local na década de 1950. Fotos de 1945 mostram que houve no local uma cava de extração mineral. O buraco da cava foi aterrado com lixo. Em 1968, imagens aéreas mostram o local completamente aterrado. O lixo existente no subsolo provocou a formação de gás metano, que, em concentração específica em local confinado (de 5% a 15%) e em contato com o oxigênio, pode ser perigoso.

A secretaria diz ainda que trabalha nos edifícios da Zaki Narchi elaborando estudos e informando a população sobre os resultados obtidos.

Após vistoria realizada no Center Norte nesta quinta-feira, o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), disse que o local apresenta uma situação diferente. "O Cingapura está na borda do antigo lixão e há mais espaços permeáveis [quando comparado ao shopping Center Norte]."

Para o prefeito Gilberto Kassab (PSD), "se identificar que tiver o mesmo risco do shopping, a prefeitura não vai titubear e interditará o local para retirar as famílias".

Nos próximos 20 dias a prefeitura deve analisar o local e avaliar se há necessidade de tomar medidas mais emergenciais.

Center Norte será reaberto

Após vistoriar o shopping Center Norte, Kassab afirmou nesta quinta-feira (6) que o local deve ser reaberto entre hoje e amanhã. A vistoria foi feita com o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), e técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O shopping está fechado desde ontem devido à presença de gás metano no subsolo.

Dez drenos foram colocados no complexo após a Cetesb recomendar a instalação de nove equipamentos. Um novo laudo do órgão foi emitido atestando a melhoria da situação --a companhia diz que considera atendida a exigência de instalação de um sistema emergencial para extração do gás. Com isso, a multa diária foi suspensa.

"A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) suspendeu a multa diária de R$ 17.450 imposta, desde 19 de setembro, ao shopping Center Norte, localizado na zona norte de São Paulo. A companhia diz que considera atendida a exigência de instalação de um sistema emergencial de drenos para extração do gás metano do subsolo", diz nota do órgão.

Kassab disse que encaminhou o laudo a três secretarias --Controle Urbano, Meio Ambiente e Coordenação das Subprefeituras-- e que as pastas já estão analisando as informações. Com uma conclusão positiva, o estabelecimento poderá então ser reaberto .

"Estou convencido de que o shopping errou pois deveria ter tomado providências anteriormente. Estou convencido de que a prefeitura acertou na interdição e que agora o shopping tomou as providências necessárias", disse o prefeito.

Prefeitura x Center Norte

O shopping foi fechado na manhã de ontem depois que a 7ª Vara de Fazenda Pública derrubou a liminar obtida pelo estabelecimento, semana passada, contra o fechamento. A decisão atendeu pedido feito pela Prefeitura de São Paulo. O fechamento foi baseado em laudos da Cetesb atestando a área como crítica pela presença de gás metano, que é altamente inflamável.

Para Kassab, justamente pelo fato de a remoção do metano ser um processo relativamente simples, os responsáveis pelo shopping erraram. "Foi aí que errou o shopping porque já poderiam ter feitas as obras assim que foram alertados. Precisamos ser bastante duros porque erraram. Já faz algumas semanas que veio a manifestação da Cetesb”.

Entenda o caso

Na semana passada, a Prefeitura de São Paulo anunciou a interdição do shopping com base em laudos da Cetesb. No complexo de 110 mil m², está, além do shopping, o Lar Center (do mesmo grupo), um hipermercado Carrefour (que aluga o terreno), um estacionamento para milhares de carros e uma loja da rede de artigos esportivos Decathlon. Toda a área está com alta concentração de metano, segundo a Cetesb.

Os empreendimentos foram erguidos em uma área onde funcionava um lixão até o começo dos anos 80. A decomposição do lixo liberou gases que se concentraram no subsolo desses imóveis, o que pode gerar uma explosão.

O shopping entrou na Justiça contra a interdição e obteve uma liminar na 7ª Vara da Fazenda Pública. Na terça-feira (4), a liminar foi cassada.

*Com informações de Ana Paula Rocha, Guilherme Balza e da Agência Estado