Topo

Após achar meia tonelada de cocaína em meio a carga de gesso, cão-policial faz exames e volta ao trabalho hoje

Aliny Gama<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

11/10/2011 07h02

Imprescindível na descoberta de mais de meia tonelada de cocaína escondida em uma carga de gesso em cinco contêineres no porto de Suape (PE), o cão farejador Nauê, 4, está em “plena forma”, apesar do trabalho exaustivo do último fim de semana. Nesta terça-feira (11), o cão deverá se submeter a exames de sangue e retornar às atividades de combate às drogas.

Em meio a 3.500 sacos de gesso, Nauê conseguiu apontar que 30 deles exalavam um cheiro estranho. Usando técnicas de adestramento para farejar maconha, cocaína e êxtase, o guia induziu o cachorro a apontar onde estava o lote de 532 quilos de cocaína que tinha como destino a Europa.

Segundo o agente da PF Mário Ribeiro, que trabalha como guia de Nauê, o cão está bem de saúde e apenas deu uma pausa de dois dias de trabalho para se recuperar da inevitável inalação de gesso.

“Depois que começamos a abrir as embalagens, subiu uma poeira de gesso. Por Nauê ser um cão sensível a cheiros, já que ele foi treinado para isso, resolvemos suspender a ajuda dele e iniciarmos o trabalho manual. Por precaução, o cão está desde domingo no canil, mas a veterinária já avisou que ele está bem de saúde”, disse Ribeiro, destacando que nesta terça-feira (11) o cachorro vai se submeter a exames de sangue e já tem agenda de trabalho na parte da tarde.

A PF afirmou que o cachorro, de 37 kg, não inalou cocaína durante o trabalho, pois os pacotes suspeitos eram levados para outro local para a realização de testes químicos. “Um membro de sociedade de proteção aos animais nos ligou nos interrogando sobre possíveis maus-tratos com Nauê, mas nada disso ocorreu. O cão é treinado para desenvolver o trabalho que realizamos no fim de semana e obedecemos o limite dele. Houve pausas para ele descansar e beber água. Tanto que ele já retorna as atividades nesta terça”, afirmou Ribeiro.

Farejador com certificado internacional

Atualmente, Nauê é o único cão farejador da Polícia Federal em Pernambuco. Segundo Ribeiro, outro cachorro está em treinamento para revezar os trabalhos.

Ele nasceu no canil da PF no Distrito Federal e desde os dois meses de idade foi treinado para ser um cão policial “exemplar”. Da raça pastor alemão, ele chegou ao Estado com apenas um ano de idade, quando iniciou os trabalhos com Ribeiro. Todos os anos, Nauê se submete a treinamentos nos EUA e recebe certificados internacionais emitidos pela BEA junto com o guia.

Para ser um cão policial, Nauê tem de estar em plena forma física –ele é considerado um cão-atleta pela PF. Segundo Ribeiro, a rotina do cachorro se inicia com exercícios diários de natação, seguidos de pista de faro.

“Antigamente, os adestramentos eram à base de brincadeiras com o animal, mas está em desuso. O treino que Nauê se submete é baseado na busca pela caça viva, ou seja, ele é estimulado a buscar odores de entorpecentes como se fosse um animal vivo. Quando ele se interessa por um objeto suspeito, fazemos alguns movimentos como se fosse alguma coisa com vida. Depois que ele aponta a droga, entramos com um brinquedo que substitui a droga real”, conta o guia de Nauê.

A Polícia Federal atualmente adestra cães farejadores das raças pastor alemão e pastor belga malinois –que são cães considerados rústicos, com mais condição de se adaptar aos treinos e atividades de trabalho policial. Em média, um cão farejador é aposentado aos seis anos de idade, quando é posto para adoção.

“São cães dóceis que, com treinamento, são sociáveis e podem conviver com famílias. Dependendo do desempenho e saúde do animal, ele pode continuar os trabalhos por mais de seis anos de idade. Depois disso ele é aposentado e entra para doação. O guia tem preferência pela adoção, mas quando isso não ocorre o cão é levado para o canil do Distrito Federal para ficar a disposição para adoção de outras pessoas”, disse Ribeiro, que adotou o primeiro cão que adestrou na PF.