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Com polícias em greve, maranhenses mudam rotina e convivem com a medo de assaltos e arrastões

Aliny Gama

Do UOL Notícias, em Maceió

01/12/2011 14h44

A greve das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros já muda a rotina de comerciantes e trabalhadores do Maranhão, que temem uma onda de violência no Estado por conta da paralisação que começou no dia 23, com militares cruzando os braços, e foi ampliada no dia 28, quando os policiais civis aderiram. 

A maioria das lojas, tanto de São Luis, quanto de Imperatriz (617 km da capital e maior cidade do interior), estão fechando mais cedo, sem cumprir o horário comercial. Os funcionários aproveitam a luz do sol para ir para casa. Estabelecimentos também contrataram segurança particular para inibir a ação de ladrões.

Funcionária de uma loja de bombas e motores, localizada no bairro da Camboa, em São Luis, Elisangela Silva relatou que a direção da loja reforçou a segurança na entrada do estabelecimento e mudou o horário de funcionamento.

“Sempre correm boatos de arrastões, e a gente fecha as portas porque não sabe se é verdade ou não. Mas até agora nada de grave ocorreu. O nosso maior medo é na volta para casa, pois quando escurece os pontos de ônibus vão ficando vazios”, disse ela, afirmando que os funcionários adotaram a medida de sair sempre em grupos. “A loja não está trabalhando no horário comercial [das 8h às 18h]. Estamos largando às 17h porque ainda tem sol e o perigo de assaltos é menor também dentro dos ônibus.”

A atendente de uma clínica médica, localizada no Centro de São Luis, Tatiane Cristina Silva, disse que, “apesar de ter policiamento de fora, o medo é grande”. “Os policiais que vieram reforçar a segurança da cidade não conhecem a realidade daqui, e não vamos confiar que a violência está controlada. Está muito perigoso principalmente nos bairros da periferia”, contou.

Segundo Silva, apesar de ser uma clínica médica, o local está com as portas fechadas e só atende a consultas pré-marcadas. “Estamos confirmando por telefone todas as consultas agendadas e só abrimos a porta quando identificamos o paciente. Ninguém vai se arriscar nessa situação.”

Ela afirmou ainda que a clínica está encerrando os atendimentos meia hora mais cedo para que os funcionários consigam pegar “a condução ainda de dia”. “A tensão também é grande dentro dos ônibus, pois agora sem policiamento a gente desconfia de todo mundo”, completou.

Imperatriz

A sensação de insegurança também é vivida pela população de Imperatriz. Apesar do governo do Estado anunciar o reforço do policiamento na Capital, o medo de assaltos domina a população.

As lojas também adotaram a redução do horário de funcionamento. O mercadinho Silva, localizado no bairro de Bacuri, em Imperatriz, está abrindo mais cedo, às 7h, para que o estabelecimento feche as portas às 17h. Também foram contratados seguranças para conter possíveis arrastões.

Sandra Costa é uma das funcionárias do mercadinho. Ela conta que os assaltos a transeuntes aumentaram “principalmente no período da noite”. “É a maior tensão na hora de largar do serviço, pois pelo menos a gente tem segurança dentro da loja, mas na rua, não. Ainda bem que a loja está fechando mais cedo. O clima aqui é de muito medo”, contou.

A dona de casa Fabiana Souza, que mora no bairro Maranhão Novo, afirmou que a população, que tem o costume de ficar nas calçadas durante a noite, está mantendo as portas fechadas. “Anoiteceu, a gente se recolhe. Não fica mais conversando com os vizinhos na calçada. Minha mãe comprou cadeados e corrente para reforçar o portão daqui de casa”, disse ela, destacando que outros vizinhos também adotaram a mesma postura.

Boatos

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Maranhão informou que nenhuma ocorrência de “arrastão ou ação do gênero foi registrada em São Luís”. Segundo o órgão, boatos que estão ocorrendo durante o período da greve das polícias Civil e Militar foram “disseminados por pessoas que estão se aproveitando da situação para criar um clima de insegurança visando aterrorizar trabalhadores e pessoas de bem.”

A Secretaria informa ainda que quando a população tomar conhecimento de alguma informação sobre arrastões deve procurar apoio da polícia “para se informar sobre a real situação do local”. A SSP pede que a população não passe trotes para os telefones do Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) para não atrapalhar o trabalho da polícia que está nas ruas trabalhando ostensivamente e que as reais não deixem de ser atendidas devido as falsas informações.

A SSP afirmou ainda que “efetivos da Força Nacional, do Exército Brasileiro, da Aeronáutica, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, além de policiais civis e militares que não aderiram à greve estão trabalhando nas ações para garantir a segurança em todo o Maranhão”.