Tragédia como no MA pode se repetir se sociedade não cobrar, diz engenheiro

A tragédia que deixou ao menos nove mortos na queda da ponte entre o Maranhão e o Tocantins infelizmente pode se repetir se a sociedade não se mobilizar e cobrar as autoridades, declarou o engenheiro Julio Timerman, diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), na edição deste sábado (28) do UOL News.

Infelizmente, sim, isso pode se repetir. Eu acho que é hora da sociedade se mobilizar. Eu estou falando como engenheiro, mas eu sou brasileiro, eu gosto do meu país, e é hora da sociedade se mobilizar no sentido de cobrar as autoridades a incutir essa cultura de inspeções periódicas para evitar essa tragédia como nessa situação.

Existem várias obras, várias pontes. As pontes projetadas na década de 60 tinham uma determinada critério de dimensionamento que se mudou completamente. Antigamente não se levava em conta o local que a ponte estava implantada.

Se ela tivesse um ambiente marinho, um ambiente muito agressivo, os critérios de dimensionamento eram exatamente iguais. Então, nós temos estruturas com armaduras corroídas, expostas, oxidadas, que com certeza se a gente não fizer manutenção, vão se repetir novamente essas tragédias.

Desculpa estar sendo alarmista, mas cabe a nós como sociedade fazer esse clamor no sentido de se fazer essas inspeções, antever esses problemas que aconteceram nessa obra, e quando necessário, interditar a ponte. Isso vai prejudicar o trânsito? Se a gente salvar uma vida, já justifica todas as ações que vamos tomar com relação a isso.

Então precisamos realmente como sociedade cobrar as autoridades no sentido de se fazer inspeções, fazer cadastramento em todas as pontes. O Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] já tem um sistema de gerenciamento de manutenção de pontes, o Dnit lá em Brasília tem uma equipe competente.

Nós estamos falando de uma estrutura que caiu lá com 140 metros de extensão, 2.500 toneladas de concreto que caiu lá no rio. Que segurança nós temos, a pessoa está passando em uma ponte, de repente ela cai e morre. Nós temos que parar, nós temos que alertar as autoridades, nós temos que tomar providências no sentido de se evitar esse tipo de situação novamente.
Julio Timerman, diretor do Ibracon

Inspeções periódicas evitam tragédias

O diretor do Instituto Brasileiro do Concreto falou também sobre como evitar casos como o da queda da ponte no Maranhão.

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A engenharia brasileira, nós temos normas técnicas da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas] que obrigam todas as pontes e viadutos no Brasil terem inspeções periódicas. Então, o que deve ser feito nesse momento, nós como sociedade civil, é cobrar as autoridades para essas inspeções periódicas serem feitas, essas manutenções preventivas para evitar termos essas tragédias novamente.

Nós temos no Brasil um conjunto de muitas pontes projetadas na década de 60, de 1970. Então nós estamos falando de pontes com 60 anos já de vida, que sofrem com a agressão do meio ambiente, sofrem com o aumento significativo das cargas atuantes, as cargas acidentais. Na década de 60, nós temos um perfil de caminhão, de transporte. Hoje em dia, nós temos aqueles treminhões que chegam a 74 toneladas.

Quando colapsou a obra de uma ponte, caiu um caminhão com ácido sulfúrico que tinha 40 toneladas de material, outro com material para insumo, para atividades agrícolas também. Então, dois caminhões caíram, vejam a densidade de tráfico.

Então, nós, como sociedade civil, temos que cobrar. É muito bonito, nós fazemos pontes novas, inaugurações, mas tão importante quanto fazer inaugurações de obras novas, fazermos a manutenção das estruturas existentes. Isso significa preservar vidas humanas também.
Julio Timerman, diretor do Ibracon

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