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Menos de 24 horas após fim da greve da PM, policiais civis do Ceará paralisam mais de 40 delegacias

Gabriel Carvalho

Do UOL Notícias, em Fortaleza (CE)

04/01/2012 18h18Atualizada em 04/01/2012 18h50

Os policiais civis do Ceará paralisaram as atividades em pelo menos 40 delegacias em todo o Estado. A informação é da presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpoci), Inês Romero, que afirma que as atividades estão suspensas na capital e no interior.

A greve dos policiais civis, que estão acampados na sede da Superintendência do órgão, em Fortaleza, ocorre menos de 24 horas após o fim da paralisação dos PMs, que durou seis dias e deixou um clima de tensão entre cearenses e turistas.  

Entre as delegacias que suspenderam o atendimento ao público estão a de bairros considerados violentos pelas autoridades policiais como Conjunto Ceará, Pirambu e Conjunto José Walter. No interior, estão parados os distritos e cidades de Beberibe, Tianguá, Acaraú, Pindoretama, Maracanaú, Icaraí, Guaiuba, Icó, Sobral, Acaraú, Itapipoca, Cascavel e Jijoca, além das unidades de Capturas, Homicídios e Defraudações.

Em estratégia semelhante à dos militares, os civis reivindicam a redução da carga horária de oito para seis horas diárias, reajuste salarial e o pagamento de um subsídio equivalente a cerca de 60% do valor pago aos delegados de polícia do Estado.

Segundo Érico Sales, diretor de finanças do Sinpoci , o salário atual dos policiais civis é R$ 2.125, o último reajuste foi concedido em 2011, junto com todos os servidores do Estado, de forma linear e o objetivo da classe é chegar aos R$ 4.200. "Elevaram a exigência de nível superior para os cargos de inspetores e escrivães e mantiveram o soldo de nível médio", afirmou.

Para encerrar a paralisação da PM e dos bombeiros, o governo acenou com um reajuste de 56%, fixando o salário em R$ 2.634. Além disso, o Poder Executivo Estadual aprovou a redução na jornada de trabalho de 46 para 40 horas semanais e implantou um auxílio-alimentação de R$ 10 por dia, benefício antes só garantido aos policiais civis.

Exército e Força Nacional de Segurança nas ruas

Em um cenário que lembra a de países em guerra, com militares patrulhando as ruas com as armas apontadas para o lado de fora dos carros, a cidade de Fortaleza começou a retomar a sua rotina normal nesta quarta-feira (4). De acordo com a 10ª Região Militar de Fortaleza, 160 veículos de policiamento estão fazendo o patrulhamento ostensivo na capital cearense.

A Associação de Cabos e Soldados da PM informou que os militares retornarão às atividades normais nesta quinta (5). No primeiro dia após o fim da greve, alguns deles trabalharam no conserto de alguns carros que foram danificados durante a paralisação.

Na avenida Beira-mar, um dos principais pontos turísticos da cidade, os visitantes voltaram a desfilar junto aos cartões-postais. Já na Praia do Futuro, as barracas recuperavam o movimento pré-greve, enquanto que na periferia, o comércio voltou a funcionar normalmente.

Relembre a greve

Durante seis dias, os PMs cearenses estiveram em greve, o que propiciou um clima de tensão na capital e no interior. Arrastões, saques e depredação de estabelecimentos comerciais tomaram conta do Estado, assim como uma onda de boatos no centro de Fortaleza e também nas redes sociais.

O dia mais conturbado foi a segunda (2), quando homens armados circulavam em motocicletas pela periferia da capital cearense. No bairro do Montese, um bando invadiu um supermercado, trocou tiros com os seguranças e deixou uma mulher baleada.