Apesar de constantes fugas, penitenciária em Natal diz que não tem como fechar túneis abertos por presos
Três túneis abertos por detentos na penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal (RN), têm tirado o sossego da administração da unidade.
Sem equipamentos específicos para fechar totalmente os túneis, a administração de Alcaçuz enviou ofício ao governo do Estado, esta semana, solicitando que seja contratada urgentemente uma empresa especializada para acabar com a rota de fugas dos presos.
Os túneis estão interditados parcialmente, na entrada e na saída, com pedras pesadas, mas a fragilidade da segurança do presídio veio à tona quando uma nova ramificação que levava a um dos túneis descoberta no dia 20 de dezembro. Vinte dias depois, o túnel foi usado para fuga e dois presos conseguiram fugir na última segunda-feira (9).
“Só não fugiram mais presos porque os agentes notaram a movimentação na área externa do presídio e abortaram a fuga. Conseguimos prender dois reeducandos ainda dentro de um dos túneis. Eles foram detidos no meio do caminho por agentes que estavam de plantão naquele dia”, contou o coordenador do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, José Olímpio da Silva.
Durante a ação, quatro celas foram arrombadas. Silva afirmou que, apesar dos túneis estarem interditados parcialmente, “os presos sempre encontram formas de cavar ramificações que levam aos túneis principais sem que os agentes descubram o plano e fogem.”
“Alcaçuz fica localizado numa área de dunas, onde a terra é fofa, ou seja, fácil e rápida de ser escavada. Temos presos antigos, que estão desde 1998 aqui, com condenação de 120 a 200 anos de prisão. E eles sabem de toda rotina da penitenciária. São eles que passam as rotas para que novas ramificações sejam escavadas e levem os fugitivos a esses túneis principais”, afirmou Silva, destacando que são realizadas revistas nas celas e nas dependências da penitenciária constantemente a fim de encontrar novos pontos de escavações.
Os três túneis oficiais que a administração da penitenciária tem conhecimento têm de três a cinco metros de profundidade e possuem cerca de 30 metros de extensão.
O coordenador não soube informar quantas fugas foram registradas em 2011, mas confirmou que "fora muitas." Ele admitiu também que podem haver novas ramificações escavadas, mas que os agentes ainda não descobriram, como foi no caso da fuga da última segunda-feira.
“Os presos vivem pensando em formas de fugir e sempre arrumam um jeito de esconder a terra. Colocam por debaixo dos colchões, no vaso sanitário e dão descarga e sai entupindo a tubulação de esgoto. Eles já cavaram até no pátio, mas conseguimos descobrir a tempo de haver fugas”, afirmou.
O coordenador do sistema penitenciário informou ainda que, devido à localização e a profundidade, o fechamento por completo dos túneis deve ser executado por especialistas em minas.
“Há um risco grande de comprometer a estrutura do prédio de Alcaçuz caso não haja um estudo específico e ocorra de forma correta. Existe uma técnica de colocar água dentro dos túneis para que as paredes desmoronem, mas não podemos executá-la porque eles passam por baixo do prédio e qualquer intervenção, sem profissionais específicos, pode comprometer a estrutura do prédio. Até uma implosão pode causar sérios problemas no prédio”, disse Silva.
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