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Policiais Militares da Bahia deflagram estado de greve, mas comando desconhece movimento

Heliana Frazão

Do UOL, em Salvador

31/01/2012 20h29Atualizada em 31/01/2012 22h57

Reunidos em assembleia na tarde desta terça-feira (31) policiais militares da Bahia decidiram entrar em estado de greve. Segundo a Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra), a categoria reivindica o cumprimento da lei 7.145 de 1997, com pagamento da gratificação por atividade policial (chamada GAP 5), incorporação da gratificação ao salário, regulamentação do pagamento de auxílio acidente e adicionais de periculosidade e insalubridade.

Segundo a entidade, o governo se recusa a acatar o que prevê a legislação, bem como os pleitos da categoria, o que inclui ainda o cumprimento da lei da anistia e a criação do código de ética e de uma comissão para discutir o plano de carreira dos PMs. De acordo com a entidade, os policiais baianos recebem o salário base, equivalente ao salário mínimo e a GAP 3, que somam mensalmente cerca de R$ 2.300.

Enquanto o movimento policial recrudesce, o governador do Estado, Jaques Wagner, acompanha a presidente da República, Dilma Rousseff, em viagem a Cuba.

Apesar da movimentação dos policiais, o comando da PM afirma, porém, desconhecer a decisão dos policiais e pede à população que mantenha a calma porque o policialmente ostensivo se mantém nas ruas. “Os homens do turno das 19h já estão em suas funções e está tudo dentro da normalidade", afirmou o coronel Gilson Santiago.

Em nota oficial, o comandante geral da PM, Alfredo Braga de Castro, afirmou que "as propostas da categoria estão sendo discutidas com o Alto Comando da Corporação e com a participação direta das associações legais e legitimamente constituídas”.

A nota diz ainda que as "providências estão sendo tomadas junto ao governo do Estado para implementação das ações de Segurança Pública, além de melhorias das condições de trabalho, não só no que diz respeito às questões salariais, mas também através de equipamentos como a aquisição de viaturas e tudo o mais necessário ao desempenho da atividade policial".

Neste início de noite, após o encerramento da assembleia, um grupo de policiais se dirigiu para o Centro Administrativo da Bahia –CAB, e invadiu o prédio da Assembleia Legislativa.

De lá, eles pretendem fazer outra manifestação na governadoria. "Só sairemos quando formos recebidos pelo vice governador Otto Alencar”, disse Fábio Brito, diretor jurídico da associação.

Nas ruas de Salvador, dezenas de policiais à paisana interditaram, mais cedo, o trânsito em locais movimentados como a avenida ACM, Vale dos Barris e avenida Bonocô, aos gritos de "Está tudo parado e dominado", numa referência ao estado de greve.

PM volta a negar greve

O diretor de comunicação da Polícia Militar da Bahia, Gilson Santiago, voltou a negar, nesta noite, que os policiais da corporação estejam com as atividades paralisadas. "Não há greve”, declarou, afirmando que todas as unidades estão seguindo a rotina. Em nova nota oficial, Santiago explica que o objetivo da associação dos policiais é "causar intranquilidade" na população.
 
Ele informou que participaria de nova reunião, agora à noite, com o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, e o secretário de Comunicação, Robinson Almeida. Santiago credita a iniciativa da entidade a uma insatisfação com a maneira que as negociações entre PM e governo se desenrolam.

Leia a íntegra da nota:

A Polícia Militar da Bahia, diante da ameaça de paralisação de segmentos da corporação, vem a público reafirmar o compromisso com a lei e com a ordem. Os serviços de segurança seguem dentro da normalidade. Todas as providências já foram tomadas e estão mantidas as rotinas do policiamento na capital e no interior.

Por outro lado, esclarece que as solicitações enviadas ao Comando estão sendo tratadas junto às associações coorporativas. Foi esse entendimento que possibilitou os benefícios concedidos nos últimos anos, a exemplo de aumento real de salário acima da inflação, melhoria das condições de trabalho e prêmio por desempenho policial, entre outros.

O comandante geral da PM, Alfredo Castro, reafirma o compromisso de cada policial militar com a manutenção da paz e da segurança de toda sociedade. “Continuo confiante na min ha tropa, formada por profissionais sérios, homens e mulheres de bem, pais de família que sabem perfeitamente do seu papel e responsabilidade”.