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PM grevistas têm até 0h para deixar Assembleia Legislativa ou Exército agirá, diz governo da Bahia

Do UOL, em São Paulo*

05/02/2012 23h33

Os policiais militares em greve que ocupam a Assembleia Legislativa da Bahia têm até 0h para deixar o local pacificamente, segundo a assessoria de comunicação do governo do Estado. O horário foi determinado pelo presidente da Casa, deputado estadual Marcelo Nilo (PSDB). Se o prazo não for respeitado, tropas do Exército da 6ª região, comandadas pelo general Gonçalves Dias, irão agir para desocupar o local, de acordo com informações do governo baiano.

Mais cedo, cerca de 40 homens das Operações Táticas da Polícia Federal teriam ido até o local para negociar com os grevistas, após o governo do Estado ter solicitado apoio do Ministério da Justiça. Segundo os PMs, a energia elétrica da Assembleia Legislativa chegou a ser desligada pelos policiais federais.

A assessoria de comunicação do governo da Bahia, entretanto, negou que homens da PF tenham ido até a Casa negociar com os PMs e disse que a energia foi desligada pelos próprios grevistas. Segundo o governo baiano, os integrantes das Operações Táticas estão na Bahia para cumprir 11 mandados de prisão, mas não chegaram a ir até a Assembleia Legislativa.

Os PMs em greve estão na companhia de mulheres, crianças, amigos e familiares e somam cerca de 350 pessoas, segundo os organizadores do movimento.

Onda de crimes

Desde o início da greve, uma onda de saques e assassinatos tomou conta da Bahia; mais de 80 pessoas foram mortas desde quarta-feira (1º), mais do que o dobro do registrado no mesmo período da semana anterior.

Nesta tarde, o presidente da Casa Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PDT), pediu ao general Gonçalves Dias, comandante das forças de segurança na Bahia, que o local seja desocupado ainda neste domingo. A Justiça já decretou a ilegalidade do movimento há três dias e expediu 12 mandados de prisão, um deles foi cumprido nesta madrugada.

O deputado disse que "os trabalhos legislativos precisam voltar à normalidade e que a Assembleia não pode ser usada como abrigo para foragidos da Justiça." Nilo falou ainda que o pedido partiu dele mesmo, e não do governador. Após ser comunicado, o general G. Dias convocou uma reunião com outros integrantes que reforçam a segurança na Bahia para avaliar o pedid

Também neste domingo, mais 135 militares do Batalhão de Infantaria Paraquedista que saíram do Rio de Janeiro e 15 militares de Brasília chegaram em Salvador para reforçar a segurança na Bahia. Circulam ainda na cidade, segundo a Secretaria de Comunicação do governo do Estado, quatro veículos blindados Urutu, de Recife. Está previsto para hoje ainda o transporte de mais 150 homens do Exército Brasileiro da capital pernambucana para Salvador.

100% de adesão em 32 cidades

No sábado (5), a Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra) informou que a adesão ao movimento é de 100% do efetivo em 32 dos 417 municípios baianos, incluindo algumas das principais cidades do Estado, entre elas Ilhéus, Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista e Senhor do Bonfim.

Policiais Integrantes do 20º Batalhão da Polícia Militar, do município de Paulo Afonso (a 484 km de Salvador), decidiram cruzar os braços sob a alegação de que o governo não vem cumprindo com algumas pendências. Na noite da sexta-feira, policiais da cidade de Barreiras (a 848 km da capital baiana) também aderiram ao movimento.

Crimes federais

Ainda ontem (sábado), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que, por solicitação do governo do Estado, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) já reservou vagas em presídios federais para encaminhar, se necessário, policiais que tenham cometido algum tipo de crime durante o movimento grevista.

Cardozo se reuniu com o governador da Bahia, Jaques Wagner, e disse que todas as ocorrências criminosas serão tratadas como crimes federais. "Todos os crimes cometidos nesse período são qualificados como crimes federais e serão tratados como tais. Seremos muito firmes no cumprimento do nosso dever", disse Cardozo em entrevista na Base Aérea de Salvador.

O ministro viajou à Bahia acompanhado do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, e da secretária nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki. Cardozo considerou “inaceitável” a forma como os policiais estão conduzindo a greve. "O Estado de Direito não permite o abuso do próprio direito. Isso [a greve], da forma como está sendo tratado, é inaceitável."

(Com reportagem de Heliana Frazão, em Salvador)