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Sobe para 83 número de homicídios na Grande Salvador após início da greve da PM

Do UOL*, em São Paulo

05/02/2012 12h52Atualizada em 05/02/2012 19h30

Treze pessoas foram mortas hoje (5) na Bahia. Com isso, sobe para 83 o número de homicídios desde o início da greve da Polícia Militar. Na semana passada, quando não havia paralisação da categoria, das 21 horas do dia 24 (terça) às 13 horas do dia 29 (domingo), foram registradas 34 mortes. O aumento é de 144%.

Até o momento, apenas um dos os 12 mandados de prisão expedidos contra policiais militares que lideram o movimento foi cumprido. O soldado Alvin dos Santos foi preso na madrugada de hoje (5) pelo comandante do batalhão, major Nilton Machado, sob a acusação de formação de quadrilha e roubo de veículos da Polícia Militar.

Segundo o tenente-coronel Cunha, do Exército Brasileiro, o soldado é “um dos participantes do movimento”. Ele foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar e levado preso pela força-tarefa da Polícia Federal.

A greve foi deflagrada no fim do dia da última terça-feira (31), por isso o levantamento não leva em conta essa data. Considerando os oito homicídios registrados até as 12h de hoje (5), o número total dos últimos cinco dias chega a 78 homicídios.

PM grevista é preso

Foi preso na manhã de hoje o PM Alvin dos Santos Silva, um dos 12 policiais grevistas que tiveram a prisão decretada. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o PM é acusado de formação de quadrilha e roubo de um carro da corporação. Silva é lotado na Coppa (Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental).

Segundo o governo da Bahia, na sexta-feira, foram expedidos 12 mandados de prisão contra lideranças do movimento acusadas de roubo qualificado de viaturas policiais, incitação ao crime e formação de quadrilha.

“Esses mandados estão para serem cumpridos, estão todos em fase de execução”, disse o capitão da Polícia Militar Marcelo Pita, porta-voz do comando da PM, que não aderiu à greve.

100% de adesão em 32 cidades

No sábado (5), a Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra) informou que a adesão ao movimento é de 100% do efetivo em 32 dos 417 municípios baianos, incluindo algumas das principais cidades do Estado, entre elas Ilhéus, Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista e Senhor do Bonfim. 

Policiais Integrantes do 20º Batalhão da Polícia Militar, do município de Paulo Afonso (a 484 km de Salvador), decidiram cruzar os braços sob a alegação de que o governo não vem cumprindo com algumas pendências. Na noite da sexta-feira, policiais da cidade de Barreiras (a 848 km da capital baiana) também aderiram ao movimento.

Crimes federais

Ainda ontem no sábado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que, por solicitação do governo do Estado, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) já reservou vagas em presídios federais para encaminhar, se necessário, policiais que tenham cometido algum tipo de crime durante o movimento grevista.

Cardozo se reuniu com o governador da Bahia, Jaques Wagner, e disse que todas as ocorrências criminosas serão tratadas como crimes federais.

"Todos os crimes cometidos nesse período são qualificados como crimes federais e serão tratados como tais. Seremos muito firmes no cumprimento do nosso dever", disse Cardozo em entrevista na Base Aérea de Salvador.

O ministro viajou à Bahia acompanhado do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, e da secretária nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki.

Cardozo considerou “inaceitável” a forma como os policiais estão conduzindo a greve. "O Estado de Direito não permite o abuso do próprio direito. Isso [a greve], da forma como está sendo tratado, é inaceitável."

(Com colaboração de Heliana Frazão, em Salvador, e Agência Brasil)