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Reforma do IML de Goiânia está parada desde dezembro e já compromete realização de exames

Reforma em instalações do IML de Goiânia, como a sala de necropsia, está parada - Rafhael Borges
Reforma em instalações do IML de Goiânia, como a sala de necropsia, está parada Imagem: Rafhael Borges

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

28/02/2012 10h53

As reformas do prédio do IML (Instituto Médico Legal) de Goiânia, iniciadas em maio de 2009, foram paralisadas em dezembro do ano passado. Desde então, alguns procedimentos começam a ser prejudicados, entre eles os exames de corpo de delito.

No local, corpos chegam a ficar em estado de decomposição por causa da falta de espaço e equipamentos específicos para necropsia. Os equipamentos já foram comprados e aguardam adequação do local para funcionarem.

A empresa responsável pela obra informou que o material usado na reforma seguiu as especificações do edital de licitação, e as obras foram paralisadas devido a mudanças de projeto no decorrer da construção. A obra deveria ter sido concluída em 2010.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) afirma que um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi descumprido, e o aditamento do mesmo, que determinou a conclusão das obras até janeiro de 2012, foi desrespeitado pelo governo estadual.

Na tarde desta segunda-feira (27), o MP-GO protocolou uma ação civil pública pedindo providências em 30 dias para compra de objetos, 60 para conclusão da sala de necropsia e 90 dias para finalização das obras. O mais grave, segundo o promotor Vilanir de Alencar Camapum Júnior, é que faltam até mesmo equipamentos de proteção individual para os trabalhadores.

“A nossa vontade era pedir a interdição. Mas para onde seriam levados os corpos?”, disse o promotor. Ele ainda acrescentou que as reclamações do sindicato dos trabalhadores procedem e que eles nem deveriam estar trabalhando naquelas condições insalubres.

A direção nega a informação e diz que tudo já foi comprado e está sendo distribuído de acordo com as necessidades do instituto. “O IML tem 30 anos, e esta é a primeira reforma. Não foi possível fazer tudo de uma vez, e mesmo com muitos esforços continuamos realizando necropsias, verificações de óbitos e exames de corpo de delito”, disse a superintendente de polícia técnico científica, Rejane Barcelos. “Recepção, consultórios e área administrativa já estão prontos.”

A gerente da unidade, Silvânia de Fátima Coelho Barbosa, disse reconhecer que o trabalho de médicos legistas e auxiliares de autópsias não está dentro dos padrões esperados, mas que não podem parar. Segundo ela, somente em dezembro de 2011 foram 705 exames, sendo 191 necropsias e 514 de corpos de delito e outros tipos.

Mau cheiro

O UOL mostrou em julho do ano passado que exames eram realizados na parte externa do IML e que o mau cheiro tinha tomado conta da vizinhança. Uma câmara fria com capacidade para 46 corpos, que já está em funcionamento, teria ajudado a solucionar parte do problema.

A Secretaria de Segurança Pública e Justiça, responsável pelo IML, afirma que as obras foram paralisadas, pois o contrato com a empresa Tradição Engenharia terminou e não foi renovado. Ainda não se sabe se a construtora deve devolver dinheiro ao Estado.

A Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas) vai assumir o restante da reforma, e a SSPJ vai repassar R$ 300 mil para a conclusão dos trabalhos. O MP pediu dispensa de licitação para acelerar o processo.