Topo

MP e Polícia Civil tomam último depoimento no inquérito do Hopi Hari; vice-presidente do parque será ouvido

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

09/04/2012 13h31

A Polícia Civil e o Ministério Público ouvem na tarde desta segunda-feira (9) na sede da promotoria, em Vinhedo (interior paulista), o vice-presidente do parque de diversões Hopi Hari, Cláudio Guimarães. Ele será o último a depor no inquérito que apura a morte da adolescente Gabriela Nichimura, 14, no parque, dia 24 fevereiro deste ano.

De acordo com o promotor Rogério Sanches, o depoimento de Guimarães “encerra um ciclo de oitivas”. “Com isso, temos a certeza de que ouvimos absolutamente todos os personagens que de algum modo estão envolvidos nesse assunto”, disse Sanches.

O delegado que chefia o inquérito, Álvaro Santucci, não atendeu as ligações. Nos últimos dias, porém, ele havia dito que a conclusão seria por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar --antes ainda, afirmara ter identificado erro na conduta de funcionário do parque no dia do acidente.

Para o promotor criminal, uma vez concluídos os depoimentos, “o que resta é formalizar o tipo de homicídio”. “Meu convencimento não está vinculado ao do delegado, mas também acredito que o desfecho caminha nesse sentido”, concluiu Sanches.

O depoimento de Guimarães está marcado para as 14h.

Investigação na Corregedoria da Polícia Civil

No último dia 29, a Corregedoria da Polícia Civil em Campinas (SP) instaurou dois inquéritos sobre a morte da adolescente. As medidas, solicitadas pela defesa dos pais de Gabriela, vão analisar se houve falha de peritos do Instituto de Criminalística de Campinas na primeira perícia realizada no brinquedo La Tour Eiffel, em que estava a vítima, e também a responsabilidade sobre a divulgação de fotos de Gabriela, já morta, em sites e blogs.

Os pais da adolescente retornaram no último dia 31 para a cidade de Iwata, no Japão, onde vivem há 19 anos e de onde acompanharão o inquérito. Eles estavam com as filhas de 14 e de nove anos em férias no Brasil.

Para o delegado de Vinhedo, o pedido da defesa da família à Corregedoria “foi precipitado” a respeito da ação dos peritos.

Entenda o caso

A adolescente Gabriela Nichimura, 14, morreu ao cair do brinquedo La Tour Eiffel. Ela usou uma cadeira que estava desativada há dez anos, mas sem sinalização. A garota foi levada para o hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), mas não resistiu e morreu por traumatismo craniano seguido de parada cardíaca.

Depois do acidente, a polícia ouviu funcionários, visitantes e familiares da garota. Após a mãe da adolescente mostrar fotos tiradas minutos antes do acidente, verificou-se que a primeira inspeção havia sido feita no assento errado. A perícia na cadeira efetivamente usada por Gabriela constatou que a trava abria quando o brinquedo era colocado em atividade.

O parque fica no km 72,5 da rodovia dos Bandeirantes, no município de Vinhedo (SP). O brinquedo onde ocorreu o acidente tem 69,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 23 andares. Na atração, os participantes caem em queda livre, podendo atingir 94 km/h, segundo informações do site do Hopi Hari.

Em nota, a assessoria do parque afirmou que avaliações preliminares apontaram que sucessivas falhas humanas podem ter sido a causa da tragédia. O parque disse ainda que "cumprirá com suas responsabilidades perante a família, a Justiça e as autoridades técnicas".

O parque foi autorizado a reabrir após assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da administração do Hopi Hari com o Ministério Público. O acordo determina que os brinquedos West River Hotel e Simulakron, que ainda dependem de adequações, segundo o MP, ficarão interditados. Já o La Tour Eiffel está interditado por tempo indeterminado enquanto corre o inquérito policial sobre o caso.