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MST fecha rodovias e ocupa fazendas e prédios públicos em 17 Estados e DF

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

16/04/2012 20h49

Balanço divulgado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), no fim da tarde desta segunda-feira (16), contabiliza 46 ocupações realizadas como parte do “Abril Vermelho”, como o MST chama a onda de protestos e invasões realizada anualmente para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996. Também foram fechadas rodovias em vários pontos do país. As ações acontecem em 17 Estados e no Distrito Federal.

Em Brasília, cerca de 1.500 sem-terra ocuparam na manhã de hoje o prédio do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário). Os manifestantes criticam o governo Dilma Rousseff, que teria reduzido o ritmo de criação de assentamentos e cortado créditos para a área.

Em nota, a direção nacional do MST afirma que, em abril, o Ministério do Planejamento cortou “mais de 60% do orçamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o que deve inviabilizar os programas de assistência técnica e educação”. “Não podemos admitir que a burocracia do governo corte as verbas relacionadas à melhoria da produtividade e à educação, compromissos sempre tão reforçados nos discursos da presidente Dilma”, diz o texto assinado por Alexandre Conceição.

O movimento quer uma audiência com a presidente para cobrar mais recursos para a politica fundiária. Pede também a elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas pelo país e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos em habitação rural, educação, saúde e crédito agrícola.

Nordeste

O Nordeste foi a região com mais ocupações do "Abril Vermelho" este ano. Segundo o MST, em Pernambuco, os trabalhadores já ocuparam seis fazendas. Nesta segunda-feira, cerca de 300 famílias ocuparam fazendas em Bom Conselho e São Bento do Una. A meta é, este mês, ocupar um total de 20 terrenos pelo interior do Estado.

Na Bahia, cerca de 3.000 trabalhadores de vários movimentos estão acampados em frente à sede do Incra, no Centro Administrativo, em Salvador. Ao todo, 24 fazendas estão ocupadas no Estado desde o início deste mês – duas ocupações foram realizadas nesta segunda: uma em Juazeiro e outra em Queimada.

Em Fortaleza, os integrantes do MST ocuparam o Palácio da Abolição, sede do governo cearense. Os agricultores pedem medidas das autoridades no combate aos efeitos da longa estiagem que atinge o Nordeste e que causou a perda da safra agrícola e morte de animais. Eles pedem também dos governos federal e estadual que sejam garantidos recursos para projetos de assistência técnica, educação e moradia. Na pauta estadual, cobram o assentamento imediato de 2.000 famílias que ocupam áreas urbanas.

Em Estados do Nordeste superintendências do Incra também foram ocupadas. No Maranhão, cerca de 400 trabalhadores ocuparam a sede do órgão, em Imperatriz, para cobrar o assentamento das 3.500 famílias acampadas no Estado. Em Sergipe, cerca de 300 famílias ocuparam a sede em Aracaju. Segundo o movimento, 12 mil famílias estão acampadas no Estado e, em 2011, apenas 300 foram assentadas. Outra ocupação à sede do Incra ocorreu em João Pessoa (PB), onde cerca de 500 famílias camponesas entregaram a lista de reivindicações ao superintendente Lenildo Dias de Morais. Duas áreas do sertão foram ocupadas pelos sem-terra no Estado.

No último dia 2, cerca de 700 pessoas fecharam a BR-304, no Rio Grande do Norte, em protesto contra decisões judiciais que determinaram a saída de três áreas de acampamento do MST no Estado.

Sul e sudeste

No Sul, houve ocupação nos três Estados. No Rio Grande do Sul, 300 sem-terra fizeram duas ocupações em Sarandi e Santa Margarida do Sul. Em Santa Catarina, cerca de 500 agricultores ocuparam a superintendência do Incra, em Florianópolis, para reivindicar o assentamento das 500 famílias acampadas no Estado. No Paraná, cerca de 500 camponeses realizaram uma caminhada pelas ruas da cidade e entregaram uma pauta de reivindicações no Incra. O movimento anunciou que permanecerá na capital paranaense até sexta-feira (20).

Em Sandovalina (SP), cerca de 600 sem-terra ocuparam uma fazenda que já foi ocupada em outras ocasiões. O MST critica a política do governo paulista em relação a terras do extremo oeste do Estado. No Rio de Janeiro, o prédio do Incra foi ocupado por cerca de 300 sem-terra, que reclamaram do que consideram uma paralisação no processo de assentamento das famílias. Em Minas Gerais, cerca de 40 famílias do MST ocuparam uma fazenda em Carmo do Paranaíba, no início do mês.

Eldorado dos Carajás

Em Rondônia, 700 trabalhadores ocuparam a sede do Incra em Ji-Paraná. No Mato Grosso, o alvo da ocupação realizada por 200 manifestantes foi a sede da Receita Federal em Cuiabá. Ainda no Estado, 400 camponeses bloquearam a BR-163, no município de Sorriso. Já no Mato Grosso do Sul, 250 famílias ocuparam uma fazenda localizada às margens da MS-134, que também foi bloqueada.

No Pará, a Juventude do MST iniciou, no último dia 8, o 7º acampamento pedagógico “Oziel Alves”, em Eldorado dos Carajás, para lembrar o massacre ocorrido em 1996, quando 19 camponeses morreram. Todos os dias, os jovens fecham, por 21 minutos, a rodovia onde as mortes ocorreram. Para o último dia do acampamento, nesta terça-feira (17, Dia Internacional da Luta Camponesa), está marcado um ato político na cidade.