Operação-padrão no Rio causa espera de 30 minutos para embarque
Terminou há pouco a operação-padrão dos policiais federais no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro. Por duas horas e meia, passageiros enfrentaram uma longa fila. Antes da ação começar, o passageiro que chegava conseguia embarcar de imediato. Com o início da ação, o tempo para o embarque superava os 30 minutos. Os policiais exigem o fim da terceirização nos postos de imigração, responsável pelo serviço de revista de documentação e bagagem dos passageiros.
No Galeão, a operação-padrão foi realizada no setor C do Terminal 1 em dois períodos, entre 15h e 16h e entre 17h e 18h30. Todos os passageiros na fila de embarque tiveram a documentação e a bagagem revistadas. Participaram da ação 15 policiais federais.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal, Telmo Correa dos Reis, coordenou a ação e explicou os motivos para a realização do ato.
“Em 2008, implantou-se ilegalmente a terceirização da atividade de polícia para o controle da imigração nos aeroportos. Retiraram o policial do controle e inseriram ilegalmente a terceirização do serviço. Eram pelo menos 120 policiais trabalhando e hoje são menos de 60 em diversas atividades e divididos por escala, ou seja, apenas 12 por dia”, declarou.
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Com a terceirização, segundo Telmo, a revista de bagagens, documentação e a identificação de drogas no corpo de traficantes deixou de ser feita seguindo os critérios de segurança usuais. Para o representante dos policiais federais, os passageiros correm sério risco, potencializado com a proximidade de grandes eventos ao país. “O governo tem que prezar pela segurança. Não pode achar que fazer a fila andar mais rápido é solução quando a segurança fica em segundo plano. Vamos ter grandes eventos internacionais e não podemos ficar expostos a ataques terroristas”, disse.
O movimento pede ainda o pagamento das horas extras, do adicional noturno, do adicional de atividade de risco e a recomposição salarial das perdas inflacionárias, o pagamento do adicional de fronteira. Segundo os sindicalistas, em caso de não atendimento das exigências, os policiais podem organizar greve no próximo mês.
Passageiros divididos
Os passageiros precisaram de muita paciência já que o tempo de espera ultrapassava os 30 minutos. Para o consultor de tecnologia Athos João, a operação-padrão não atinge os objetivos desejados pelos policiais federais. “Poderia ser de outra forma. Não é assim que eles vão conseguir ser ouvidos. E os passageiros acabam prejudicados”, declarou.
“Eu entendo as razões deles, mas eles têm que procurar os responsáveis. Da forma que agem, atingem apenas os passageiros", disse o administrador Agostinho Fernandes.
Residente no Brasil, um comerciante espanhol que preferiu não se identificar reclamou da espera, por agravar a trombose que tem em uma das pernas. “Eles deveriam compensar os passageiros por esse tempo perdido. Deveriam pagar de seu próprio bolso. Eu tenho trombose e não deveria estar em pé esse tempo todo”, alegou.
Favorável à paralisação, a empresária Jô Carvalho afirmou entender os motivos da decisão dos policiais. “Eu acho justo. Claro que atrapalha a vida da gente, mas me coloco no lugar deles, entendo os motivos que os levaram a fazer essa ação”, declarou.
O servidor público Gustavo Soares acredita que somente com manifestações como a de hoje fará os policiais serão ouvidos. “Eu sou a favor da operação-padrão. Eles só vão conseguir as coisas se incomodarem. Se para isso essa operação tem de ser feita, eu respeito”, disse.
Balanço pelo Brasil
Agentes da Polícia Federal realizaram a operação-padrão em 30 aeroportos brasileiros nesta quinta-feira (19), segundo a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais). Cerca de 480 policiais atuaram nas operações, que afetaram terminais de capitais e cidades do interior.
Segundo a entidade, o objetivo das operações é apontar a “falta de segurança nos aeroportos do país, a terceirização das atividades da PF e a falta de valorização dos policiais federais”. As ações não impactaram o número de voos cancelados e atrasados.
Conforme o presidente da Fenapef, Marcos Wink, a operação-padrão realizada em nível nacional não causou grandes transtornos aos passageiros. “Procuramos alertar os cidadãos para a falta de segurança nos aeroportos, sem causar contratempos no embarque e desembarque”, disse o presidente.
Wink diz que o país tem de rever sua política de segurança para aeroportos, portos e fronteiras. Segundo ele, milhares de profissionais terceirizados estão realizando atividades que são exclusivas da Polícia Federal.
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