Polícia Federal investiga morte de líder indígena dentro de aldeia no Maranhão
A Polícia Federal (PF) iniciou, nesta terça-feira (1º), as investigações do assassinato da cacique Maria Pereira Guajajaras, 52, morta a tiros no último sábado (28) na aldeia indígena Coquinho 2, no município de Grajaú (555 km de São Luís).
A tribo fica dentro da terra indígena Canabrava, em uma área cortada pela BR-226, e a região é marcada por conflitos com madeireiros e fazendeiros. Segundo a PF, a investigação ainda está em fase inicial de levantamentos sobre o assassinato.
“Não temos nada de concreto ainda sobre o que motivou o assassinato da líder indígena”, informou ao UOL o delegado de Defesa Institucional da PF, Rodrigo Santos Correia, que preside o inquérito. “Provavelmente até o final desta semana estaremos com alguma informação sobre o caso, quando a equipe retornar.”
Apesar de a polícia informar que o motivo do assassinato ainda é desconhecido, o MPF (Ministério Público Federal) diz acreditar que Maria Pereira foi morta em represália às manifestações que vinham sendo organizadas, nos últimos dias, para chamar a atenção do poder público sobre a falta de segurança nas terras indígenas. Há relatos de que índios vinham sofrendo de madeireiros.
Também não está descartada a possibilidade de envolvimento de ameaças ligadas ao tráfico de drogas, pois os índios também enfrentam problemas com traficantes que querem usar as terras para o plantio de drogas.
Assassinato e protesto
A índia Maria Pereira Guajajaras era líder dos Guajajaras e foi assassinada com dois tiros na cabeça. O crime teria sido cometido por dois homens que chegaram em uma moto, no último sábado. Não suspeitos do assassinato. O clima na aldeia é tensão e de revolta, pois Maria Pereira vinha cobrando mais segurança das autoridades.
Os índios prometeram interditar o tráfego de veículos na BR-226 nesta quinta-feira (3) em protesto contra a falta de segurança. O bloqueio já estava marcado, mesmo antes da morte de Maria Pereira, mas deve ganhar força com o assassinato da cacique.
Além de outras solicitações relativas à segurança, os índios afirmaram que vão exigir a instalação de um posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na região entre Barra do Corda e Grajaú.
Reunião
Na segunda-feira (30), o MPF solicitou que o caso fosse investigado pela PF e pediu que a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a PRF dêem proteção aos índios que vivem na terra indígena Canabrava.
O MPF informou que pediu o deslocamento urgente de equipe da PRF para o local. “Foi reiterado ainda, o pedido de instalação de posto permanente de fiscalização da PRF na região. Para garantir a segurança, o MPF indicou à presidência da Funai a necessidade de solicitar o apoio da Força Nacional de Segurança”, informou o MPF.
Outro caso
Em janeiro, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denunciou que um acampamento da tribo, que vive em isolamento na terra indígena Araribóia, foi atacada por madeireiros nas imediações da aldeia Vargem Limpa, em Arame (428 km de São Luís). Uma criança teria sido queimada viva entre setembro e outubro de 2011, mas o crime só foi denunciado pelos índios no início deste ano.
Para a Funai, o caso não teria passado de um boato, mas o MPF recusou as alegações e investiga o caso. O MPF informou, à época, que existe uma ação civil pública contra Funai, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e União, ajuizada em 2006, cobrando a retirada dos madeireiros da região e pedindo a instalação de bases de proteção da Funai na terra indígena.
A Justiça Federal do Maranhão julgou o pedido procedente em 2010, mas a Funai recorreu da decisão, e o processo ainda aguarda o julgamento do recurso.
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