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Mulher de empresário da Yoki assassinado doou arma igual à usada no crime antes de ser presa, diz polícia de SP

O funeral do empresário Marcos Kitano Matsunaga, 40, diretor-executivo da empresa de alimentos Yoki, foi realizado no cemitério São Paulo na tarde desta terça-feira (4) - Diogo Moreira/Frame/Agência Estado
O funeral do empresário Marcos Kitano Matsunaga, 40, diretor-executivo da empresa de alimentos Yoki, foi realizado no cemitério São Paulo na tarde desta terça-feira (4) Imagem: Diogo Moreira/Frame/Agência Estado

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

05/06/2012 16h52Atualizada em 05/06/2012 18h31

A Polícia Civil de São Paulo informou nesta terça-feira (5) que ontem (4), pouco antes de ser presa, a mulher do empresário Marcos Kitano Matsunaga, 40, dono da Yoki Alimentos, doou à Guarda Civil de Cotia (Grande SP), a pretexto de “contribuir para a campanha do desarmamento", três armas que pertenceriam ao casal --uma, do mesmo tipo que matou Matsunaga, uma pistola calibre 765.

Desaparecido desde o último dia 20, ele teve o corpo esquartejado, e as partes desovadas na zona rural de Cotia (Grande São Paulo). Elise Ramos Kitano Matsunaga, detida desde ontem após a prisão temporária decretada, é a principal suspeita pela morte do empresário, que, segundo as investigações, trairia a mulher. Hipótese inicialmente cogitada, a suposta participação de PMs --que fariam bico como seguranças de Matsunaga -- no crime também foi descartada pela polícia, que apresentou novos indícios de crime passional.

Em coletiva no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o delegado-geral, Jorge Carrasco, afirmou que Elise, aluna de curso de tiro com o marido, “é uma exímia atiradora”.

“Ontem ela foi a um posto da Guarda Civil e disse que as armas eram dele [Matsunaga]; uma delas é igual à que o matou”, afirmou Carrasco, que não entrou em mais detalhes. De acordo com o delegado, será feito exame de balística para confrimar se a arma doada foi a mesma usada no crime.

Já o delegado que chefia as investigações do caso, Mauro Dias, afirmou que “há indícios de traição por parte do empresário”.

Sobre a suposta participação de PMs no crime, Carrasco resumiu: “Ventilou-se que a escolta do casal era suspeita de participar do crime, mas isso não procede, pois marido e mulher não tinham segurança pessoal”, afirmou o diretor-geral do DHPP.

Imagens mostram vítima entrando no prédio

Conforme os delegados, imagens das câmeras de segurança do apartamento do casal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, mostram o empresário entrando no prédio junto com a mulher, a babá e a filha de um ano por volta de 18h30 do último dia 19 de maio. Minutos depois, ele desceu para pegar uma pizza e retornou ao apartamento. Desde então, não foi mais visto. Por conta disso, a polícia afirma ter certeza de que ele foi morto dentro do próprio imóvel.

No dia seguinte, por volta de 11h30, as câmeras de segurança do prédio registraram Elise saindo do prédio com várias malas. A babá do dia anterior já havia saído, e a que entrou de madrugada, por volta das 5h, segundo a polícia, não tinha acesso a todo o apartamento.

De acordo com Carrasco, o apartamento tinha ainda “várias geladeiras e uma câmara de refrigeração” que passarão por perícia nos próximos dias, já que as partes do corpo do empresário, encontradas em diferentes locais de Cotia, tinham sinais de resfriamento.

No dia seguinte ao desaparecimento, por volta de 11h30, as câmeras de segurança do prédio registraram Elise saindo do prédio com várias malas --ela disse à polícia que viajaria e negou participação no crime. O advogado dela não foi localizado pela reportagem, nem teve o nome informado pelo DHPP.

Corpo esquartejado

Matsunaga teve o corpo esquartejado e, nas últimas semanas, as partes foram desovadas em cidades da Grande São Paulo. A cabeça, uma perna e os dois braços do empresário, por exemplo, foram encontrados na estrada dos Pires, em Caucaia do Alto, na região de Cotia, no último dia 27. Apesar de espalhadas, as partes estavam próximas e em sacos plásticos.

Apesar do desaparecimento, os familiares não tiveram pedido de resgate. Segundo o chefe do DHPP, o empresário havia feito um seguro de vida de R$ 600 mil do qual a mulher e a filha eram beneficiárias.