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Batalhão de Choque lista locais onde protestos não serão permitidos durante a Rio+20

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o Batalhão de Choque da PM terá a responsabilidade de controlar eventuais protestos durante a Rio+20 - Paula Giolito/Folhapress
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o Batalhão de Choque da PM terá a responsabilidade de controlar eventuais protestos durante a Rio+20 Imagem: Paula Giolito/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

14/06/2012 20h14

O Batalhão de Choque (BPChoque) da Polícia Militar do Rio de Janeiro fez um mapeamento dos locais que devem ser escolhidos por grupos de natureza política e manifestantes em geral para eventuais protestos durante a Rio+20, Conferência das Nações Unidas que teve início nesta quarta-feira (13) e segue até o dia 22 de junho.

Há uma preocupação específica em relação a sedes de embaixadas e consulados estrangeiros, segundo o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Ele participou de um debate promovido pelo governo do Estado no Parque dos Atletas, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste da cidade, onde ocorrem diversos eventos da Rio+20.

"O comando do Batalhão de Choque tem esses locais [onde manifestações não serão permitidas]. Inclusive, algumas manifestações foram até avisadas para a Polícia Militar para que ela não só reprima isso, coisa que ela não quer fazer, mas para que ela acompanhe e garanta que isso ocorra com tranquilidade", disse.

"Esse fundamento técnico sobre os locais das manifestações o Batalhão de Choque tem. Tecnicamente podem ter algumas embaixadas e alguns lugares dessa natureza que talvez não vá se permitir", completou o secretário.

Beltrame fez questão de enfatizar que um evento da magnitude da Rio+20 estimula o agendamento de atos de protesto, e afirmou que a Polícia Militar não pode impedir a livre manifestação das pessoas.

"A Polícia Militar está ciente de que essa manifestação tem que ser permitida, e o Batalhão de Choque tem que ficar observando e vendo até que ponto isso pode, de uma certa forma, atrapalhar a vida natural da cidade", explicou.

Problemas no trânsito

O esquema especial de trânsito elaborado pelo governo municipal e pela CET-Rio para a Rio+20 considerou a possibilidade de manifestações em vários pontos da cidade, segundo o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Osório. No entanto, os responsáveis pelo planejamento operacional acreditam que será impossível "levar a zero o impacto de possíveis manifestações".

Osório afirmou ainda que as restrições a eventuais locais nos quais as manifestações podem ocorrer, tais como embaixadas, consulados e sedes de empresas estrangeiras, não transformarão o Rio de Janeiro em uma "cidade policialesca".

"As manifestações são uma tradição das conferências da ONU, e isso também foi observado na elaboração do planejamento operacional de trânsito. Isso está incluído também no planejamento de segurança, mas o Rio de Janeiro, por seu espírito democrático e aberto, não vai se transformar numa cidade policialesca. Desde que adequadas em locais corretos, as manifestações serão permitidas. E isso obviamente vai refletir no trânsito do Rio", disse.

"Já temos planos de contingência para suportar as manifestações, e toda e qualquer tomada de decisão será também orientada pelo Comando Militar do Leste. Queremos que elas sejam pacíficas e ordeiras, e nos locais adequados", completou o secretário.

Osório afirmou que o governo terá poder de reação em relação aos possíveis transtornos, e que foram preparados "planejamentos de emergência" em caso de atos que envolvam bloqueios de trânsito.

Tal situação não se observou, por exemplo, na última terça-feira (12), véspera da abertura da Rio+20, quando duas passeatas realizadas por professores grevistas no centro da cidade acabaram provocando retenções e engarrafamentos em diversos pontos da cidade. O problema com o trânsito poderá ser ainda pior na próxima semana, em especial no dia 19, quando cerca de 50% dos mais de cem chefes de Estado e governo chegarão à capital fluminense.

"Claro que qualquer manifestação que interrompa o trânsito traz um efeito negativo. O que nós queremos é que não haja nenhuma manifestação com bloqueio de trânsito. Mas no nosso planejamento, reativamente, se houver alguma manifestação com interrupção de trânsito, nós ativaremos os nossos planejamentos de emergência. Quanto mais manifestações ocorrerem na cidade, mais complicado fica a operação da cidade. Mas nós absorveremos isso utilizando as rotas alternativas", explicou Osório.

Chefes de Estado nas UPPs

De acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, o governo criou "circuitos" para que turistas e autoridades que estão no Rio em função da conferência da ONU possam conhecer favelas pacificadas, tais como a Rocinha, na zona sul, e as comunidades do Complexo do Alemão, na zona norte.

O Executivo fluminense já trabalha há algum tempo para agendar a visita de algum importante chefe de Estado ou de governo.

"Essas pessoas podem se inscrever, e haverá ônibus com tradutores. A gente quer evidentemente mostrar isso para os chefes de Estado e para a imprensa estrangeira. A imagem que se tinha da favela era a de um jovem no chão com bala jorrando sangue. A gente quer mostrar a ecomoda, a fábrica verde de computadores e outros projetos que caracterizam essa nova imagem graças ao trabalho das UPPs e agora das áreas social e ambiental. Isso será mostrado", afirmou Minc.

Para Beltrame, a oportunidade de garantir ainda mais visibilidade internacional ao projeto das UPPs é um fator positivo a ser propiciado pela Rio+20. No entanto, questionado sobre nomes --nas últimas semanas, especulou-se que o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, poderia conhecer a Rocinha--, o secretário de Segurança Pública optou por não dar mais detalhes.

"A visibilidade é importante, sem dúvida nenhuma. Mas a visibilidade que todos nós queremos é a visibilidade do cidadão fluminense, do cidadão carioca e em especial dos moradores desses lugares que sofreram com a tirania que se impôs ali durante 40 anos. (...) As pessoas [referindo-se aos chefes de Estado] que quiserem ir, se quiserem alguma coisa guiada, nós faremos com muito prazer", disse.

"Não tenho conhecimento formal disso [da suposta visita de Bloomberg a Rocinha]. Mas as comunidades estão abertas fundamentalmente para o cidadão e consequentemente para essas pessoas que queiram visitar", completou.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também colocou as favelas pacificadas da capital fluminense à disposição dos chefes de Estado e de governo.

"Esse é um projeto do Estado. Todo mundo que quiser conhecer as favelas do Rio, vai ter liberdade para visitar. Há chefes de Estado querendo ir a vários lugares, conhecer várias iniciativas. A cidade está aberta para todo mundo conhecê-la", disse.