Piloto parte de Campinas (SP) para dar a volta ao mundo em monomotor e tentar recorde
“Não nos pergunte se somos capazes, dê-nos a missão.” Essa é a frase estampada na fuselagem do monomotor de prefixo PR-EBA, que partiu nessa terça-feira (3) do aeroporto Campo dos Amarais, em Campinas (93 km de São Paulo), com a missão de dar uma volta ao mundo em 20 dias.
A bordo da aeronave, o piloto Walter Toledo, de 20 anos, o amigo e fotógrafo Eduardo Fleury, que vai registrar toda a expedição “Brasil Voando Alto”, um kit básico de segurança e um bote, para o caso de um pouso na água. Na cauda do monomotor, uma bandeira do Brasil.
O objetivo do piloto com a viagem é deixar seu nome no livro dos recordes, o “Guinness World Records”, como o mais jovem piloto a dar a volta ao mundo a bordo de um monomotor. Se o planejamento der certo, Toledo percorrerá 11 países em 20 dias, usando 11 mil litros de combustível, e baterá a marca do jamaicano Barrington Irving, que em 2007 fez a viagem em 97 dias, aos 23 anos de idade.
O avião fez uma parada técnica em Sorocaba e seguiu para Goiânia, primeiro destino da expedição, que foi antecipada em cinco dias. “Estávamos prontos, com tudo preparado, não tinha por que esperar mais. É bom sair um pouco antes para dar um tempo de folga. Como dependemos das condições meteorológicas, é bom aproveitar esses dias de céu azul”, disse Toledo.
De Goiânia, o monomotor deve partir para Santarém no fim de semana. Para matar a fome, barras de cereal, amendoim, castanha de caju e água. “É o suficiente! Nosso plano de vôo prevê uma parada a cada quatro horas para abastecer o combustível e o oxigênio da aeronave. Enquanto isso, podemos comer em algum restaurante do terminal. A barra de cereal e o amendoim são só para garantir, mas nem estamos levando daqui. Vamos pegar tudo em Goiânia”, disse o piloto.
O avião tem autonomia de combustível e oxigênio para voar seis horas e meia, mas o cronograma mostra uma parada a cada quatro horas. “É para não corrermos nenhum risco. Como planejamos tudo, deu para programar e fazer tudo com folga de tempo”, afirmou Toledo.
Itinerário está previsto para durar 20 dias
Toledo deverá passar por 11 países de quatro continentes em 125 horas de voo
Para o fotógrafo Fleury, que vai acompanhar o piloto, tudo foi muito bem programado, e a viagem deve transcorrer normalmente, sem nenhum tipo de problema. “Eu confio no piloto, já viajei com ele e sei que não há nenhum tipo de risco. Serão dias de emoção e aventura, sinto uma ansiedade normal, sem medo. Já fui com ele para as Ilhas Falklands, na América do Sul, e foi bem tranquilo”, disse Fleury.
Já a mãe do piloto, Ana Carolina Auada, que sempre apoiou o filho, disse que se sente feliz porque ele está realizando um sonho, mas está bem apreensiva. Ela já não dorme bem há um mês e deve seguir para Goiânia nesta quinta-feira (5) para acompanhar os preparativos finais da expedição.
“Eu confio no meu filho, está tudo muito bem organizado para que tudo dê certo. Ele sempre foi um filho exemplar, estudioso e desde pequeno sempre foi apaixonado por avião. Os brinquedos dele eram aviõezinhos, sempre. Mas mãe é mãe, claro que fico preocupada, mas tenho plena confiança de que vai dar tudo certo”, disse a mãe.
Antes de o avião partir, todos os envolvidos com a expedição formaram uma roda e, de mãos dadas, rezaram um “Pai Nosso”. “Minha família sempre me apoiou e por isso vou cumprir a missão de divulgar o Brasil para o mundo”, afirmou Toledo.
Plano
O plano da viagem começou em novembro do ano passado, quando ele leu em uma revista especializada em aviação que o jamaicano havia batido o recorde de pessoa mais nova a dar a volta ao mundo a bordo de um monomotor.
"Comecei a pensar na possibilidade e planejar. Pensava: se está dentro do escopo da aviação, por que não?" A viagem está estimada em R$ 200 mil e conta com a participação direta de dez pessoas, entre assessores e um estrategista.
O monomotor usado na expedição é um Piper Malibu Matrix, tem alcance de 1.300 milhas náuticas (2.400 km), altitude máxima de voo de 25.000 pés (cerca de 7.600 metros) e capacidade para seis pessoas. O consumo é de 72 litros por hora em voo de cruzeiro.
Rota
Em território nacional, o avião ainda deve pousar em Santarém e em Boa Vista. Fora do Brasil, o monomotor deve parar em Granada, Estados Unidos, Canadá, Groenlândia, Islândia, Escócia, Inglaterra, França, Alemanha e Rússia. Da Rússia, ele volta para os Estados Unidos pelo Alasca, passa pelo Canadá, Estados Unidos mais uma vez, Granada e Brasil. A expedição termina em Campinas.
Para se preparar para a volta ao mundo, Toledo realizou em maio uma viagem experimental para as Ilhas Falklands, na América do Sul. A expedição durou quatro dias, com 28,5 horas de voo, para identificar possíveis dificuldades burocráticas na permissão de operação que podem ocorrer durante o projeto.
Recorde
Toledo terá como provas da expedição as imagens de GPS, registros de voo e também os carimbos nos passaportes dos países por que passar, além dos vídeos e fotografias produzidos por Fleury. Na volta, todo o material será apresentado à equipe do “Guiness World Records”, que já inscreveu o projeto.
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