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PF desarticula quadrilhas de contrabando de cigarros que atuavam no Sul do Brasil

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

25/07/2012 15h59

A Polícia Federal desbaratou, na manhã desta quarta-feira (25), três quadrilhas especializadas no contrabando de cigarros na região Sul do Brasil. Com o apoio da Brigada Militar e da Receita Federal, foram cumpridos na “Operação Travessia” oito mandados de prisão e 26 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul e na cidade paranaense de Francisco Beltrão.

As oito prisões foram cumpridas nas cidades gaúchas de Lagoão, Barros Cassal, Soledade e na grande Porto Alegre. Durante a operação, mais três pessoas foram pegas em flagrante em Cachoeira do Sul e Lagoão. 

Foram apreendidos aproximadamente 30 mil maços de cigarro de origem estrangeira, mercadorias contrabandeadas, como óculos, relógios e roupas, R$ 30 mil, US$ 2.000 e duas armas.

O diferencial dos grupos, que traziam o contrabando do Paraguai a partir do Paraná para a revenda no varejo no Rio Grande do Sul, era a utilização de carros de passeio, e não de caminhões, para o transporte do cigarro, tática que servia para despistar a fiscalização.

“Essa operação é diferente de outras que realizamos, porque constatamos que eles utilizavam veículos.”, disse o delegado Gustavo Schneider, chefe da delegacia de Polícia Federal em Santa Cruz do Sul (150 km de Porto Alegre), no vale do Rio Pardo.

“Eles traziam cigarro direto do Paraná para as cidades gaúchas em carros, e não em caminhões, como em outras operações Era uma cadeia de fornecimento contínua, que garantia um fornecimento grande de cigarros contrabandeados”, afirmou o delegado.

Em solo gaúcho, a base das quadrilhas era a pequena cidade de Lagoão, com cerca de 6.000 habitantes, e de difícil acesso. Nos municípios de Francisco Beltrão (PR) e Soledade (RS), os grupos mantinham centros de distribuição de cigarros.

Nesses locais, a carga era escondida em diversos pontos em pequenas quantidades para ser distribuída em automóveis nas regiões de Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul, Aceguá, Bagé e Santana do Livramento.

“Outro diferencial das quadrilhas é que, para minimizar riscos, eles contavam com pequenos depósitos permanentemente abastecidos, de onde o material era revendido. Nunca ficava muita quantidade em estoque para evitar grande apreensão”, relatou o delegado.

Nome bíblico

As investigações começaram em fevereiro deste ano e duraram cinco meses. Durante esse período, oito flagrantes foram realizados, resultando na prisão de 20 pessoas e na apreensão de 15 veículos, radiocomunicadores – para evitar serem pegos pela fiscalização – e mais de 270 mil pacotes de cigarro.

Os investigados vão responder a inquéritos por contrabando, formação de quadrilha, receptação, adulteração de sinal de identificação de veículo automotor, sonegação fiscal e crime contra a Lei Geral de Telecomunicações pela utilização dos radiocomunicadores.

A operação foi denominada “Travessia” em referência ao episódio bíblico em que Moisés dividiu o Mar Vermelho, já que o nome do município que servia de base das quadrilhas é Lagoão.