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Menino morre após atendimento em pronto-socorro de Minas Gerais; polícia investiga

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

07/08/2012 10h39

Por requerimento do Ministério Público (MP), a Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para investigar a morte de uma criança de três anos e meio que, segundo a família, foi vítima de negligência no atendimento prestado por um médico no pronto-socorro de Campo Belo (218 km de Belo Horizonte).

De acordo com a mãe da criança, ela foi levada à unidade hospitalar no último dia 20 de julho, recebeu medicação e, após ter sido liberada, morreu durante a noite, já em casa. A doméstica Lucimara Maria de Assis afirmou ao UOL que o filho estava com dor no braço e tossindo.  “Ele estava com o peitinho cheio, gripado, vomitando e com dor no braço esquerdo.”

Maria de Assis relatou que a pediatra do local precisou fazer um atendimento de urgência, sendo que o filho dela foi examinado por um clínico geral. “Ele atendeu com má vontade. Examinou o meu filho no meu braço, nem deitou ele, e examinou de qualquer jeito a garganta dele, não fez um raio-x. Depois falou que meu filho não tinha nada, só estava com o peito cheio. Perguntei a ele sobre o braço e ele me respondeu que eu estava me preocupando demais com a criança”, relatou.

Ele custou a dormir. Quando foi às três horas da manhã, pediu água, e foi a última vez que eu o vi com vida. No dia seguinte, quando fui acordá-lo, ele estava gelado e sem vida

A doméstica disse que foram receitadas à criança uma sessão de nebulização e dipirona e plasil. “Ele custou a dormir. Quando foi às três horas da manhã, pediu água, e foi a última vez que eu o vi com vida. No dia seguinte, quando fui acordá-lo, ele estava gelado e sem vida”, disse.

A mulher afirmou ter levado o corpo do filho a outro hospital da cidade. Na unidade, segundo ela, foi emitido um atestado de óbito no qual a causa da morte do menino constou com indeterminada. “Nós fizemos um boletim de ocorrência e procuramos a ajuda do Ministério Publico”, declarou. Ela e o marido pretendem processar o hospital e o médico.

Homicídio culposo

De acordo com o promotor de Justiça Carlos Eduardo Avanzi de Almeida, da comarca de Campo Belo, o Ministério Público vai aguardar a conclusão do inquérito policial. A requisição foi recebida pela polícia no último dia 2. De acordo com Almeida, ele deverá ser concluído em 30 dias.

“O crime que está sendo investigado é o de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). O inquérito pode ser prorrogado, a pedido da polícia, caso haja alguma complexidade que demande mais tempo”, afirmou.

A assessoria da Polícia Civil informou que o inquérito já foi instaurado, mas o delegado encarregado do caso ainda não começou a ouvir as testemunhas do caso. Um laudo que evidenciará as causas da morte da criança deverá ser finalizado em 30 dias.

Outro lado

A diretora do pronto-socorro, Karina Pereira, rebateu as acusações da família e disse que todos os procedimentos médicos foram adotados. “O atendimento foi feito como são feitos os outros aqui no hospital. Inclusive a conduta dele foi checada posteriormente pela pediatra, que não encontrou nenhum erro na conduta do médico no atendimento feito à criança”, disse.

Ainda conforme a diretora, a mãe teria relatado, no momento em que uma ficha de atendimento era feita para a criança, que o filho apresentava quadro de tosse havia três meses.

“O médico, ao examinar a criança, não julgou ser necessário fazer o raio-x. A gente só pede esse exame quando escuta alguma alteração no pulmão”, informou.  Ainda conforme a diretora, o médico continua exercendo normalmente suas funções.