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Homem é acusado de dopar menina de nove anos em ritual no Maranhão

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

09/08/2012 17h16

A Polícia Civil do Maranhão indiciou, previamente, um homem umbandista por tentativa de homicídio, nesta quinta-feira (9), depois que ele foi acusado de dopar uma menina de nove anos, na última segunda-feira (6), em São Luís, para coletar parte da urina da criança.

Segundo o delegado responsável pelo 18º Distrito Policial, Walter Wanderley Silva, devido as altas doses de medicamentos de receita controlada, que poderia ter levado a criança à morte, a polícia indiciou o homem por tentativa de homicídio.

A menina está internada em um hospital da capital maranhense depois de passar mal novamente, nesta quinta-feira (9), com sintomas de desmaios, convulsões e vômitos.

Nesta tarde, foram colhidas amostras de sangue da criança para que seja examinada a quantidade de sonífero que o acusado teria dado para ela tomar. A polícia encontrou caixas de remédios de Diazepan de 10 mg e Coplan 2 mg na casa do acusado, José Ribamar Frazão Rocha, 65, preso na tarde de terça-feira (7).

Segundo a polícia, Rocha também está sendo investigado por tentativa de violência sexual, mas um exame realizado ontem não comprovou se houve conjunção carnal ou qualquer vestígio de tentativa.

“A família da criança acusa que houve tentativa de estupro, mas não poderíamos indiciar o acusado por estupro de vulnerável porque a menina disse que não se lembra de nada e o exame também não comprovou nenhum indício. Se existisse prova testemunhal de que o acusado teria acariciado as partes íntimas da menina ele seria enquadrado, mas ela estava sozinha na casa do curandeiro e ele negou”, disse o delegado.

O delegado afirmou que nesta sexta-feira (10), a menina vai se submeter a um novo exame de conjunção carnal “em um hospital diferente do realizado anteriormente para tirar a contra prova do resultado obtido ontem”.

“Estamos fazendo levantamento se existe alguma ocorrência policial acusando o umbandista de usar crianças em rituais da seita dele. Já temos informações extraoficiais de que ele morou em três bairros de São Luis e mudou-se para a Vila Olímpica depois de ter sido acusado de atos similares”, disse o delegado.

O ato

A polícia informou que a menina foi levada pela avó materna, que teve a identidade preservada, para dormir na casa do umbandista para que ele colhesse urina da criança durante o sono, pois em junho já havia colhido urina da vítima e da irmã, mas o recipiente que o material foi guardado foi invadido por baratas.

“O homem contou que precisava de urina de uma virgem para usar num banho encomendado por uma cliente para reatar o relacionamento conjugal com o marido dela”, informou o delegado.

A avó prestou depoimento à polícia e contou que é ajudante de Rocha há dois meses na produção dos banhos e nunca suspeitou que ele pudesse cometer alguma violência com a neta. “A avó não foi indiciada porque analisamos que ela não teve culpa, seriamos antiéticos acusá-la de participação, pois ela é vítima também do acusado, que conheceu durante um trabalho para livrá-la do alcoolismo”, disse o delegado.

Em depoimento, a mãe da menina, que também não teve a identidade reservada, contou que a criança foi levada por Rocha para casa e entregue a parentes na manha da terça-feira (7) após passar mal. “Ela disse que nunca gostou da amizade da avó da menina com o curandeiro e suspeitou logo que tinha ocorrido algo estranho, quando a menina dormindo começou a ter convulsões e foi socorrida para um hospital.”

A polícia informou que José Ribamar Frazão Rocha foi transferido da delegacia para uma unidade do sistema prisional do Maranhão e está preso numa cela individual para manter a integridade física. “Ele ainda não constituiu advogado para representá-lo. A sua defesa deve ser feita por um defensor público”, disse o delegado.