Promotor nega tortura contra réu do caso Celso Daniel
O promotor Márcio Friggi negou nesta quinta-feira (16), durante julgamento no Tribunal do Júri de Itapecerica da Serra (SP), que o réu Elcyd Oliveira Brito, o "John", tenha sido torturado para confessar sua participação no sequestro e assassinato do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002.
"Não houve tortura alguma em nenhuma fase do processo", afirmou Friggi. "Quando a tese é negativa e, numa fase anterior do processo, o réu admitiu culpa a resposta padrão é de que houve tortura", completou.
QUEM FOI CELSO DANIEL
Celso Daniel nasceu em 16 de abril de 1951 em Santo André. Foi professor de economia e ciências sociais da FGV e PUC e participou da fundação do PT. Foi eleito prefeito de Santo André em 1989, 1997 e 2000, um ano antes de sua morte.
Em 1994, elegeu-se deputado federal com 97 mil votos. Pouco antes de morrer, havia sido escolhido para coordenar a campanha Lula à Presidência. Era cotado para ser um dos ministros do primeiro escalão do governo de Lula.
Nesta manhã, durante o seu julgamento, "John" negou a participação no crime e disse ter sido torturado no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) para confessar a participação no assassinato.
"Na época foi torturado sim, tanto fisicamente quanto psicologicamente", disse "John". Questionado pelo juiz Antonio Augusto Hristov sobre os supostos métodos de tortura empregados, ele afirmou: "porrada e choque".
O réu acusou ainda promotores de Santo André que investigavam o crime à época de pressioná-lo a assinar a confissão. "Me prometeram mundos e fundos. Diziam que se eu aceitasse [a confessar] me dariam a liberdade, se negasse ficaria o resto da vida na cadeia", afirmou "John".
Segundo a acusação, "John" foi o motorista da Blazer que interceptou a Pajero na qual estavam Celso Daniel e o empresário Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", na noite do dia 18 de janeiro de 2002. Ele está sendo julgado nesta quinta-feira por homicídio duplamente qualificado e pode pegar até 30 anos de prisão.
O corpo de Celso Daniel foi encontrado em uma estrada de terra em Juquitiba na manhã do dia 20 de janeiro com onze tiros. Para a promotoria, "Sombra" foi o mandante do crime. O júri de "Sombra" deve ocorrer ainda este ano.
Outros três réus do caso, que foram condenados em maio deste ano, também afirmaram em seus julgamentos que foram torturados no DHPP para confessar a participação no crime.
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