Polícia investiga depredação em fazenda que abrigou nazistas no interior de São Paulo
Uma fazenda com reconhecido valor histórico está em ruínas em Paranapanema (260 km de São Paulo). No local foram encontrados tijolos marcados com a suástica, símbolo do nazismo. A Polícia Civil investiga agora se o local foi depredado pelo antigo ou pelo atual proprietário. O ato é considerado crime contra o patrimônio.
Toda a fazenda Cruzeiro do Sul está em estudo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e, por isso, não poderia sofrer nenhuma mudança na estrutura sem autorização do órgão.
No início de agosto, a Polícia Civil fez uma vistoria em toda a propriedade e constatou a destruição, conforme denúncia feita pela Secretaria de Estado da Cultura. Os peritos verificaram que os danos na fazenda foram provocados por ação humana.
Um curral teve a estrutura do telhado e as paredes parcialmente danificadas. O armazém também foi destruído. Conforme nota enviada à imprensa pela Secretaria de Cultura, a prova de que não foi desgaste do tempo está nos tijolos com a marca da suástica. Alguns estavam organizados em pilhas. Havia ainda tijolos partidos ao meio.
A fazenda
A fazenda Cruzeiro do Sul possui 144 hectares de área (1,44 milhão de metros quadrados ou, aproximadamente, 1,2 km x 1,2 km.). Depois de algum tempo abandonada, ela foi vendida a uma usina e passou a ser usada no plantio de cana de açúcar.
Toda a área era propriedade de uma família do Rio de Janeiro, que, segundo os registros de historiadores, apoiava a Ação Integralista Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. O movimento ficou conhecido pelo envolvimento e doutrina ligados com o nazismo alemão e o fascismo italiano.
Os proprietários levavam crianças negras órfãs para trabalhar na fazenda. Documentos mostram que esses meninos não tinham nome, eram chamados apenas por números. Na fazenda havia ainda fotos de animais com o símbolo nazista.
A usina que comprou a fazenda tem sede em Piracicaba (160 km de São Paulo). O advogado da empresa não foi encontrado pelo UOL para comentar as denúncias.
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