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Polícia do Rio encontra mais dois corpos na favela da Chatuba; vítima estava desaparecida há 5 dias

Do UOL, no Rio

13/09/2012 17h44

Após dois dias de buscas, policiais civis localizaram na tarde desta quinta-feira (13) o cadáver de José Aldeci da Silva Júnior, 19, morto pelo mesmo grupo de traficantes que torturou e assassinou seis jovens em um parque próximo à favela da Chatuba, em Mesquita, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Na mesma localidade, os agentes encontraram outro corpo, ainda não identificado. Em menos de uma semana, a polícia encontrou dez cadáveres no Parque Gericinó, o que indica, segundo a polícia, que o local era uma espécie de cemitério do tráfico.

Júnior estava desaparecido desde o último sábado (8), mesmo dia no qual os seis jovens saíram de casa para tomar banho em uma cachoeira perto da comunidade. O corpo dele foi encontrado parcialmente enterrado em uma trilha do Parque Gericinó.

O reconhecimento foi possível por conta de uma tatuagem e pelas roupas encontradas junto aos restos mortais.

Os traficantes da Chatuba também são acusados pelas mortes de um cadete da PM e de um pastor evangélico. Segundo a investigação da 53ª DP (Mesquita), José Aldeci seria uma possível testemunha do assassinato do religioso. Em apenas três dias, ocorreram 12 mortes na mesma região.

Mais cedo, dois menores que pertenciam à cúpula do tráfico de drogas na Chatuba foram apreendidos pela Polícia Militar. Um é conhecido como "Foca", 16, e o outro é popularmente chamado de "Bola", 15. De acordo com a polícia, eles seriam subordinados ao chefe do tráfico local, Remílton Moura da Silva Júnior, o "Juninho Cagão", apontado como o mandante da chacina. A quadrilha é ligada à facção Comando Vermelho (CV).

Os dois menores estão em uma lista de oito supostos traficantes que estão sendo investigados --foram expedidos mandados de prisão contra todos, à pedido da 57ª DP (Mesquita). Foca, que seria o gerente do tráfico na comunidade, foi localizado na casa da família. Segundo a PM, ele teria feito a mãe refém antes de se entregar à polícia.

A apreensão do menor foi facilitada pela ausência de armas na casa da mãe, onde foi encontrado. Segundo o comandante do 20º BPM, ela contou aos policiais que proibia a presença de arma.

"Ela disse que não deixava entrar arma nenhuma dentro de casa. Ele só poderia ficar lá se obedecesse à ordem da mãe", disse o tenente-coronel.

Ainda segundo o comandante, Foca confirmou ser gerente do tráfico da Chatuba, mas negou envolvimento nas últimas mortes na comunidade.

O jovem teria afirmado ainda aos policiais que os líderes do tráfico da Chatuba saíram da favela com medo da reação das forças de segurança pública. Foca foi levado à delegacia de Mesquita (53ª DP). Ele já tinha passagem por tráfico, porte ilegal de armas e roubo.

Ocupação

Desde que a PM invadiu a Chatuba, na terça-feira (11), e instalou uma companhia destacada para patrulhar a comunidade 24h por dia --a medida foi tomada em caráter emergencial depois que ocorreram 12 mortes em apenas três dias--, 25 pessoas já foram presas ou apreendidas, sendo a maioria por porte de drogas.

Entre os detidos, "Bola" é o terceiro suspeito acusado de ter ligação direta com a chacina. Na quarta-feira (12), a Polícia Civil apresentou Daniel Dias Cerqueira dos Santos, 22, ex-militar do Exército. Ele foi reconhecido pelo pai de uma das vítimas.

De acordo com a investigação, Santos teria ordenado disparos contra parentes durante a busca aos jovens assassinados no Parque Natural de Gericinó, local no qual os corpos foram encontrados.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Júlio da Silva Filho, o suspeito seria um observador dos traficantes e atuaria com rádio para comunicar a aproximação de pessoas estranhas na área dominada pelo tráfico. "Ele foi localizado em uma laje fazendo a contenção para os traficantes, alertando aos comparsas sobre a aproximação da polícia. Além disso, as vestimentas encontradas no local foram reconhecidas pelos familiares, evidenciando que o palco da ocorrência foi a Chatuba", disse.

O crime

Os corpos dos adolescentes foram encontrados na última segunda-feira (10) nas margens da rodovia Presidente Dutra, no município de Mesquita, na Baixada Fluminense.

Moradores de Nilópolis, também na Baixada, eles se dirigiam, na última sexta-feira (7), para uma cachoeira no parque Gericinó, próximo à comunidade da Chatuba, quando traficantes da localidade sequestraram e mataram os seis.