Comunidade da zona oeste do Rio disputada por tráfico e milícia recebe extensão de UPP
A comunidade conhecida como Fumacê, em Realengo, na zona oeste do Rio, receberá nesta sexta-feira (5) uma base avançada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Batan, localizada no mesmo bairro. Os cerca de 11 mil moradores da região sofrem com uma disputa territorial que envolve traficantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e milicianos.
O Fumacê corresponde à localidade do conjunto habitacional Água Branca, situado em frente ao acesso para a favela do Batan --onde, em maio de 2008, uma equipe do jornal "O Dia" foi torturada por milicianos que controlavam a comunidade antes da pacificação. O tráfico na região é chefiado por Marcos Aurélio Cutrim Santana, o "MK", que se tornou um dos líderes do TCP após a morte de Márcio José Sabino Pereira, o Matemático.
Segundo informações da Polícia Civil, MK é conhecido por expulsar pessoas de suas casas a fim de instalar novos pontos de endolação e venda de entorpecentes, esconderijo de traficantes, armas, drogas, entre outras finalidades. O local também já foi alvo de uma tentativa de invasão por parte da facção Amigos dos Amigos (ADA), quadrilha do ex-chefe do narcotráfico na Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso no ano passado.
Na ocasião, traficantes refugiados dos morros do São Carlos e dos Macacos, na zona norte, migraram para comunidades também controladas pela ADA, tais como a Vila Vintém, na zona oeste, próxima a Realengo. Em abril do ano passado, o grupo tentou invadir o Fumacê, sem sucesso. No entanto, a intensa troca de tiros fez cinco vítimas. Desde então, a localidade entrou na lista de prioridades da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg).
Além de estabelecer o domínio territorial, os traficantes do conjunto Água Branca também são conhecidos por desafiar a polícia posicionando nas ruas obstáculos diversos, tais como sucatas de carros roubados, tampas de bueiros, entre outros, a fim de dificultar ou limitar a movimentação de veículos. Os órgãos de segurança pública também já receberam informações sobre a promoção de grandes bailes funk na localidade, onde já ocorreram denúncias de prostituição infantil.
"Os traficantes, comandados por MK, costumam promover bailes funks na comunidade, onde há grande consumo de drogas e menores se prostituindo", afirma o Disque-Denúncia, que oferece uma recompensa de R$ 2.000 por informações que levem a captura do criminoso --o telefone é (21) 2253-1177. Há garantia de anonimato.
Extensão da UPP Batan
Com a instalação do novo posto de policiamento, mais de 40 policiais serão destacados para reforçar a segurança especificamente no Fumacê --a UPP já conta com um efetivo de 106 agentes. Além da base a ser inaugurada no conjunto Água Branca, a comunidade Corinto é outra que possui a extensão da UPP Batan.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, "a instalação do posto da Água Branca atende a um pedido dos próprios moradores que desejavam o fim de ações criminosas como roubos e tráfico de drogas no local". O órgão estadual realizou um estudo prévio "para definir a logística operacional, o efetivo e a implantação da base". A proximidade com o Batan foi decisiva.
Mapa das UPPs no Rio de Janeiro
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De acordo com dados do IBGE, a zona oeste do Rio concentra um contingente populacional de 1,7 milhão de pessoas --cerca de 27% dos habitantes da capital fluminense. No perímetro entre os bairros de Bangu, Guaratiba, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz, estão mais de 250 favelas, sendo esta a região na qual as milícias conseguiram se estabelecer rapidamente, ganhando territórios e explorando serviços clandestinos. A zona oeste possui apenas uma das 28 UPPs inauguradas na cidade.
Inaugurada em 18 de fevereiro de 2009, a UPP do Batan foi a terceira unidade inaugurada no decorrer do projeto de pacificação, e atende ainda as localidades Vila Jurema e conjunto habitacional dos Ipês.
"Com a instalação da base avançada da Água Branca teremos a oportunidade de estender os projetos sociais e esportivos desenvolvidos no Jardim Batan para a nova comunidade atendida. Estamos prontos e à disposição dos moradores para estabelecer a aproximação com essa população, que somada as comunidades adjacentes, chegam a aproximadamente 29 mil moradores, de acordo com dados do Instituto Pereira Passos (IPP)", afirmou o capitão Marlow Rodrigo da Silva, comandante da UPP Batan.
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